quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Privada I: o homem e sua obra – Antônio Prata

O Homem é o novo rico da natureza. Assim que nos demos conta de que éramos os únicos na vizinhança que falávamos, fazíamos as quatro operações e conseguíamos encostar o dedão no mindinho, ficamos profundamente, irremediavelmente bestas. Cobrimos a pele com panos, penteamos o cabelo pra trás, passamos uma salivinha na sobrancelha, dissemos: adeus, bicho! e saímos da selva.

Nem mal deixamos o bosque, passamos a esnobá-lo e a condenar as atitudes de todos os seus habitantes. Nós éramos superiores! Nós dominávamos a natureza! Nós usávamos ferramentas, meias e fio dental!

Novo rico que se preze, no entanto, dá bandeira. Há sempre um douradinho além da conta, um sotaque suburbano escapando num momento de exaltação, um conversível rosa com a placa mom ou dad. Com a humanidade também é assim. Por mais que consigamos trocar nossos odores naturais por mentol, eucalipto ou tutti-frutti, gastemos um bilhão de dólares em pesquisa para criar lâminas capazes de raspar perfeitamente nossos pêlos e cubramos toda a crosta da terra com asfalto e carpete sintético, um ato sempre nos denunciará o passado selvagem, a natureza animal: a cagada. Ali não tem desculpa, não tem disfarce.

A merda é nossa ligação perene com a floresta, com o barro de onde viemos. Aí não tem talher nem tailleur nenhum que nos diferencie da arara ou do tamanduá. Nus como as trutas, acocorados como os cães, expelimos a verdade universal, fisiológica, cilíndrica e obscura que por tanto tempo tentamos ocultar. Somos animais!

Temendo uma reflexão mais elaborada sobre o assunto, e sabendo das conseqüências que tamanha verdade traria uma vez revelada, desde cedo cuidamos de camuflar o assunto. Fizemos com a bosta o que fazemos com as putas, as drogas e tudo aquilo que é necessário existir, mas não é preciso divulgar; marginalizamo-la. Condenamos as fezes ao ostracismo.

No início, enquanto vagávamos nômades, a coisa era bem fácil. O sujeito simplesmente se afastava um pouco da horda, fazia o que tinha de fazer e ia embora, deixando as sujeiras para trás. Estávamos literalmente cagando e andando.

Quando os primeiros povos dominaram as técnicas de irrigação e, portanto, a agricultura, passaram a viver fixos num determinado local, e defecar ficou um pouquinho mais complicado. O sujeito tinha que sair da aldeia, andar um pouco, achar uma moita, cavar um buraco, fazer e enterrar. Durante muito tempo a coisa rolou assim, trabalhosa, mas sem maiores problemas.

Foi o crescimento da população e das aldeias que começou a complicar o processo. A moitinha ia ficando cada vez mais longe de casa, corria-se sempre o risco de se encontrar um conhecido por lá e, pior de tudo, cavar um buraco de segunda mão.

Dizem que foi um bretão chamado Walter Collins que teve a brilhante idéia: cavar um buraco bem fundo no quintal de casa e cercá-lo por paredes. Em pouco tempo a invenção de Walter, assim como suas iniciais, já podiam ser vistas em grande parte do mundo. Parecia que o problema havia sido solucionado. Mas veio a revolução industrial, o grande êxodo para as cidades e os quintais, como se sabe, foram pra cucuia.

Talvez tenha sido esse o momento mais difícil da humanidade frente aos seus excrementos, o clímax entre o Homem e sua sombra animal. Tivemos que trazer a bosta para dentro de nosso próprio lar. Para que isso fosse possível, bastava que jamais assumíssemos o verdadeiro fim do aposento que covardemente, eufemisticamente, chamamos de banheiro. Sim, meus caros, para não dar nas vistas, inventamos o chuveiro, a banheira, a higiene bucal, o secador de cabelo, o rímel, o blush e o batom, a acne e os tratamentos antiacne e todas as outras coisas para se fazer ali. Além disso, criou-se um arsenal para se disfarçar o cocô: sprays com odor de rosas, sachês que deixam a água da privada azul, verde ou rosa, exaustores, bidês e papeis higiênicos perfumados.

Ali, naquele ambiente cientificamente controlado, podemos aliviar as nossas necessidades com o máximo distanciamento possível. Após dar a descarga, nosso cocô é mandado para esgotos submersos, que desembocam em rios que vão dar lá longe no oceano. Sanamos o problema por enquanto, mas é só uma questão de tempo.

Todo esse cocô está se unindo, formando o maior movimento underground do mundo. Nossas cidades, nossos países estão boiando sobre rios de merda. Fala-se muito no fim do petróleo e no fim da água, mas não será assim que nós morreremos. Numa incerta manhã um cidadão dará a descarga e, como na piada, ouvirá o estrondo: o subsolo, entupido, explodirá. A verdade, reprimida por séculos e séculos, emergirá. Só nesse dia todos perceberão o tamanho da cagada em que nos metemos desde o dia em que resolvemos sair da floresta. E não haverá sachê nem bom ar que dê jeito. Como se sabe, só as baratas sobreviverão.

domingo, 12 de dezembro de 2010

TLDZ ou 2E

No mesmo carro com motor aspirado (digo aspirado no sentido de ter feito trabalho de cabeçote, comando, escape, etc):

Com um carburador 2E o motor tinha uma aceleração gradual, sem buracos e constante quase como um motor original só que mais forte. A regulagem de marcha lenta também era mais fácil devido ao posicionamento do parafuso e pelo fato de ser um parafuso!

Mas era só isso... As desvantagens eram a partida a frio MUITO difícil comparado ao TLDZ - e antes de o motor atingir temperatura normal de trabalho era uma condução horrível!

O TLDZ fornece mais torque em baixa rotação que o 2E porém é mais "brabo"
para controlar em baixa rotação - é difícil manter 30Km/h em reta sem acelerar nem tirar o pé do acelerador com o TLDZ (em 3a marcha, caixa PS(Loooonga)), já o 2E era bem sussegado. Com o TLDZ o carro tende a "soquear".

A aceleração do TLDZ é MUITO superior ao do 2E, porém é mais "buracosa" heheheh
Tipo: na 1a marcha puxando de 0 a 60Km/h ele se "embabaca" um pouco até 30Km/h, então dos 30 aos 40 ele ganha um ânimo considerável e dos 40 aos 60 ele vai como uma bala!

Já com o 2E ele acelerava gradualmente (porém com menos velocidade) até 50Km/h e daí se amarrava até os 60Km/h - tanto que nem valia a pena esticar até essa velocidade com ele...

Consumo de combustível é igual em ambos. Velocidade final é entre 5 e 10Km/h maior com
o TLDZ.

Resumindo: Se vc prioriza dirigibilidade num motor aspirado (então nem deveria ter aspirado!!) e vc roda a maioria das vezes com o motor quente então o 2E é pra vc.
Se vc prefere potência em altos RPMs mesmo que sacrificando dirigibilidade em baixa rotação porém com melhor dirigibilidade e frio: Fique com o TLDZ.
Isso que relatei é o que aconteceu comigo! Pode ter um monte de gente dizendo que "blah blah blah TLDZ é uma mer**" mas pra mim foi melhor que o 2E que tentei... Tanto que hoje já me desfiz do 2E a tempo e não pretendo trocar o TLDZ tão cedo (a menos que por uma IE Fueltech :)).
DIZEM que no caso de carro turbo a coisa muda de figura - mas daí eu não sei porque eu não me interesso por carro turbo...
Falow!

EDIT: A marcha lenta com 2E é melhor do que com o TLDZ. Com o TLDZ o giro tem que ser um pouco maior e mesmo assim a lenta não fica perfeita (comando 272).

Misgurnus Anguillicaudatus

O dojô (Misgurnus anguillicaudatus) é um peixe cobitídio de água doce, nativo do nordeste da Ásia, especialmente da China. Popular no aquarismo, por ser um agente limpador de fundo. Gosta muito de enterrar-se, principalmente durante o dia, pois é predominantemente notívago, mas em casos de água muito fria, o dojô fica letárgico, a passar muito tempo enterrado.
Esse peixe normalmente não passa dos oito centímetros em cativeiro, mas chega aos vinte centímetros na natureza. Ele é encontrado em duas pigmentações: uma com o corpo mais listrado e outro com menos listras.
A água ideal para um dojô tem o Ph 7,0 – ou seja, neutro – e temperatura em torno dos 22 °C.
Segundo afirmam algumas pessoas, este animal possui habilidades meteorológicas, e pode prever tempo chuvoso, quando começa a saltar para fora da água. É um animal forte e resiste mais tempo sem água do que a maioria dos peixes.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Barão de Itararé

Máximas do Barão de Itararé


De onde menos se espera, daí é que não sai nada.

Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.

Quem empresta, adeus...

Dizes-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.

Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

Genro é um homem casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.

Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

Quem só fala dos grandes, pequeno fica.

Viúva rica, com um olho chora e com o outro se explica.

Depois do governo ge-gê, o Brasil terá um governo ga-gá. ( Ge-gê: apelido de Getulio Vargas. Ga-gá: referia-se às duas primeiras letras no sobrenome do novo presidente, Eurico Gaspar Dutra).

Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga.

Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.

O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim , afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.

Os juros são o perfume do capital.

Urçamento é uma conta que se faz para saveire como debemos aplicaire o dinheiro que já gastamos.

Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

A gramática é o inspetor de veículos dos pronomes.

Cobra é um animal careca com ondulação permanente.

Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

Há seguramente um prazer em ser louco que só os loucos conhecem.

É mais fácil sustentar dez filhos que um vício.

A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados.

Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai.

O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você.

Mulher moderna calça as botas e bota as calças.

A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.

Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

Pão, quanto mais quente, mais fresco.

A promissória é uma questão "de...vida". O pagamento é de morte.

A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.


Extraído de "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", Distribuidora Record de Serviços de Imprensa - Rio de Janeiro, 1985, págs. 27 e 28, coletânea organizada por Afonso Félix de Souza.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Videogames

O cérebro humano é um órgão que absorve quase 25% da glicose que consumimos e 20% do oxigênio
que respiramos. Carregar neurônios ou sinapses que interligam os neurônios em demasia é uma
desvantagem evolutiva, e não uma vantagem, como
se costuma afirmar.

Todos nós nascemos com muito mais sinapses do
que precisamos. Aqueles que crescem em ambientes seguros e tranqüilos vão perdendo essas sinapses,
que acabam não se conectando entre si, fenômeno chamado de regressão sináptica.

Portanto, toda criança nasce com inteligência, mas aquelas que não a usam vão perdendo-a com o
tempo. Por isso, menino de rua é mais esperto do
que filho de classe média que fica tranqüilamente
assistindo às aulas de um professor. Estimular o cérebro da criança desde cedo é uma das tarefas mais importantes de toda mãe e todo pai modernos.

Sempre fui a favor de videogames, considerados uma praga pela maioria dos educadores e pedagogos. Só que bons videogames impedem a regressão sináptica, porque enganam o cérebro fazendo-o achar que seus filhos nasceram num ambiente hostil e perigoso, sinal de que vão precisar de todas as sinapses disponíveis. O truque é encontrar bons jogos, mas não é tarefa impossível.

O primeiro videogame que comprei para meus filhos foi o famoso SimCity, um jogo em que você é o prefeito de uma pequena vila, e, dependendo de suas decisões, ela pode se tornar uma megalópole ou não. Se você for um péssimo prefeito, a população se mudará para a cidade vizinha, e fim do jogo. Em vez de eleger prefeitos, seria muito melhor se empossássemos o vencedor do campeonato de SimCity em cada cidade.

Um dia eu estava brincando de "prefeito" quando meus filhos de 11 e 13 anos de idade, analisando meu "planejamento urbano" inicial, balançaram a cabeça em desaprovação: "Tsk, tsk, tsk. Pai, daqui a cinqüenta anos você vai dar com os burros n'água". Eu, literalmente, caí da cadeira. Quantos de nós, aos 11 anos, tínhamos consciência de que atos feitos na época poderiam ter conseqüências nefastas cinqüenta anos depois?Quantos de nós pensaríamos em prever um futuro para dali a cinqüenta anos?

A lição que me deram com o famoso videogame Mario Brothers foi ainda melhor. Não tendo a paciência de meus filhos, eu vivia cortando caminho pelos vários atalhos existentes no jogo, quando novamente me deram o seguinte conselho: "Não se podem queimar etapas, senão você não adquire a experiência e a competência necessárias para as situações mais difíceis que estão por vir". A frase não foi exatamente essa, mas foi o suficiente para me deixar com os cabelos em pé. Dois garotos estavam me ensinando que cada etapa da vida tem seu tempo e aprendizado, e nela não se pode ser um apressado.

No jogo Médico, as crianças aprendem a fazer um diagnóstico diferencial, a pior das alternativas sendo uma apendicite. Nesses casos, elas têm de operar "virtualmente" o paciente seguindo condutas médicas corretas. Um dos procedimentos é a assepsia da pele, e ai de quem não escovar o peito do paciente, com o mouse nesse caso, por três minutos, o que é uma eternidade num videogame e para uma criança. Quem gasta menos do que isso é sumariamente expulso do hospital por erro médico. Que matéria ou professor ensina esse tipo de autodisciplina?

Em A-Train, o jogador é um administrador de empresa ferroviária. A criança tem de investir enormes somas colocando trilhos e locomotivas sem contar com muitos passageiros no início das operações. Aprende-se logo cedo que uma empresa começa com prejuízo social e tem de ter recursos para suportar os vários anos deficitários.

Aos 12 anos, meus filhos já tinham noção de que os primeiros anos de um negócio são os mais difíceis, e controlar o capital de giro é essencial. Avaliar riscos e administrar o capital de giro, nem grandes empresários sabem fazer isso até hoje.

Como em tudo na vida, é necessário ter moderação nas horas devotadas ao videogame. Mas ele é uma ótima forma de estimular o cérebro da criança e impedir sua regressão sináptica, além de ensinar planejamento, paciência, disciplina e raciocínio, algo que nem sempre se aprende numa sala de aula.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)

Disciplina...

Sem dúvida, um dos aprendizados mais marcantes que um soldado aprende, é a cuidar dos mais modernos. O sistema não é "desenhado" para tal. Na verdade, só prevê dispositivos disciplinares. Errou, é pau. No mundo civil, qualquer pessoa bem fundamentada pode lançar mão de dispositivos legais e "zonear sua vida". No meio militar não é muito diferente. Por isso, quanto mais "militarizada" a unidade, mais difícil a comunicação entre os mais modernos e mais antigos. Ou seja: quando é detectado uma deficiência relativa ao serviço, o soldado não possui uma janela de comunicação direta com o tenete. Presumivelmente ocupado, o tenente conta com o dispositivo da cadeia de comando para que somente os assuntos de seu interesse sejam imediatamente comunicados por seus subordinados. Enfim: esse é o processo. O tenente jamais será incomodado quanto aos problemas que é dado ao sentinela da guarda solucionar. Se o sentinela for safo, contornará situações mesmo com autoridades muito acima de sua equipe. Se for um "mocorongo", poderá dar início a um petit de platinas. E ainda sobra amolação pra toda a equipe.

Aprendi ao longo de uma década e meia observando os mais antigos. Havia alguns sargentos que lidavam com suas tropas e obtinham melhor rendimento que outros. Quando soldado, eu costumava prestar atenção neles. Uma das funções militares que testam e atestam a capacidade de liderança é a de sargenteante de recruta.

O sargenteante de recruta pode ser um paizão para a turma, como pode também ser um grande filho-da-puta. Tanto faz. O regulamento não dá lá grande dica de como liderar gente de quase sua própria idade. Ou pior, como chefiá-los. Logo, havia bons sargentos e sargentos insuportáveis. Eu o percebia o tempo todo. Pouca gente na unidade é mais atento que o sentinela que tira serviço em seu próprio "escritório".

Decidi cedo que quando fosse sargento, seria uma "mescla" do que eu achasse de melhor na tropa. Independente de juízo alheio. Ainda estou aperfeiçoando-me.

Mas um ou outro dia, observo o mundo civil. Há alguns anos, percebia um garoto na porta da padaria pedindo moedas aos transeuntes. Imaginava se o guri teria a disposição aguerrida de nossos soldados em manter-se em atividades pouco prazeirosas, a troco de pouco dinheiro e alguma dignidade. Ele tinha oito anos.

Agora está com cerca de treze. Às sete e meia da noite, num horário porra-louca, decido lavar o carro. No lavajato, lá estava o Gabriel. À noite, frio, lavando carros de camiseta. Ajudando o Galego. O frio estava de rachar, e o custo da lavagem foi cinco reais. Isso mesmo: R$ 5,00.

A primeira coisa que passou em minha cabeça foi a certeza de que ele seria um bom soldado. Com algum treinamento e provas fáceis, poderia ir a cabo. Mas a vida civil não tem os privilégios da rudeza militar. Mesmo nos mais militarizados ambientes, sempre há um ou outro elemento que estende a mão em auxílio do mais moderno que tenha potencial.

Na rua, não. Você tem que provar que vale o investimento.

Então, quando o Estado investiu em minha formação militar, num órgão que integra serviços civis com militares, não posso pregar nada diferente do que a mistura entre o conhecimento da caserna e a criatividade civil.

Gabriel me faz pensar o tipo de forças armadas precisamos deixar para ele.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

“Undolasijá”

Era uma expressão curiosa. Admito que minha infância foi um pouco diferente da dos demais coleguinhas. Até os doze anos de idade, tinha poucos mas sólidos amigos. A maior parte era de meninos que, da mesma forma que eu, era “antenado”. Gente com grau de curiosidade maior que o de desejo de conforto. Sempre gostei de ler, muito embora meu dia não o permitisse. Desde criança.
E quando eu era criança, me espantei com uma expressão da qual ainda não tinha ouvido. Na decisão de iniciar uma corrida, alguém berrou no meio da brincadeira:
“Undolasijá!”
Todos correram, menos eu.
Não sabia que era o grito de “vai!” dos colegas. Não havia lido em lugar algum, não tomei conhecimento. Mas após algumas gozações, passei a iniciar uma corrida louca toda vez que alguém dizia “undo...” e me concentrava em correr.
Levei anos para tentar compreender a “onomatopéia” que gerou essa palavra. Sendo franco, ainda não estou bem seguro de seu significado. Mas se tomarmos por exemplo a velha palavra forró, e admitirmos que há lógica em dá-la por originada em “for all”, pode-se imaginar que “undolasijá” talvez tenha surgido no nordeste. Não é difícil imaginar a figura de uma Tieta-do-Agreste, que após voltar da capital, carrega consigo os dólares dos turistas e marinheiros a quem prestou assistência física. Não deu para trocar o dinheiro na casa de câmbio. “Dar”, deu. Mas não conseguiu.
Chega cheio de malas. Os meninos, vacilantes, não sabem se a ajudam ou não. Para facilitar a iniciativa, exclama a mulher:
- Preciso de uma ajudinha para carregar as malas... um dólar, se já!
Ouvindo a palavra dólar, o subconsciente imediatamente se manifesta e o corpo passa a agir. Deste modo, tudo o mais era questão de um dólar. Se já.
E é estranho imaginar que, sendo esta uma das possíveis origens da palavra, crianças façam mais uso que adultos. Em brincadeiras, repetem sem compreensão de seu possível significado original, e desatam a correr baratinados, como movido por um dólar invisível e desconhecido. Mas as brincadeiras poderiam ser interessantes. Imagine um adolescente, falando para a conhecida:
- E aí...? Vamos ver quem chega primeiro no quartinho escuro?
-Ah... num sei...
- Um dólar se...
- Oba!!!

Mas entre meninos, combinando brincar de “pique esconde”, não havia a menor motivação. Os outros corriam como hienas de havaianas, pulando carniça.
Eu não. Quando todos desataram a correr, a primeira coisa que perguntei a mim mesmo foi se alguém dos que corriam trazia consigo um dólar.
Creio que não.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Fim da Incompetência

Casar com a filha do dono da empresa, arrumar emprego público, ter padrinho político ou obedecer piamente às ordens do chefe eram, em linhas gerais, os caminhos para o sucesso no Brasil. QI era sinônimo de "quem indica".

Ter mestrado no exterior, falar cinco idiomas, desenvolver nova tecnologia, caminhos certos para o sucesso no Primeiro Mundo, em nada adiantavam. As empresas brasileiras mamando nas tetas do governo, com créditos subsidiados, numa economia protegida, eram obviamente super-rentáveis, mesmo sem muita sofisticação administrativa. Até um perfeito imbecil tocava uma empresa brasileira naquelas condições, fato que irritava sobremaneira a esquerda e os acadêmicos, que na época dirigiam a economia. Está aí uma das razões menos percebidas da onda de estatização a que assistimos no Brasil.

Contratar pessoas competentes, além de não ser necessário, era desperdício de dinheiro. Num país em que se vendiam carroças a preço de carro importado, engenheiros especializados em airbags morriam de fome. Competência num ambiente daqueles não tinha razão para ser valorizada. Os jovens naquela época não viam necessidade de adquirir conhecimentos, só precisavam passar de ano. Alunos desmotivados geraram professores desmotivados, instalando um perverso círculo vicioso que tomou conta das nossas escolas.

Tudo isso, felizmente, já está mudando. Empresários incompetentes estão quebrando ou vendendo o que sobrou de suas empresas para multinacionais. Por muitos anos, quem no Brasil tivesse um olho era rei. Daqui para a frente, serão necessários dois olhos, e bem abertos. Sai o sábio e erudito sobre o passado e entra o perspicaz previsor do futuro. Sai o improvisador e o esperto, entra o conhecedor do assunto.

A regra básica daqui para a frente é a competência. Competência
profissional, experiência prática e não teórica, habilidades de todos os tipos. De agora em diante, seu sucesso será garantido não por quem o conhece, mas por quem confia em você. Estamos entrando numa nova era no Brasil, a era da meritocracia. Aqueles bônus milionários que um famoso banco de São Paulo vive distribuindo não são para os filhos do dono, mas para os funcionários que demonstraram mérito.

Felizmente, para os jovens que querem subir na vida, o mérito será remunerado, e não desprezado. Já se foi a época em que o melhor aluno da classe era ridicularizado e chamado de CDF. Se seu filho de classe média não está levando o 1º e o 2º grau a sério, ele será rudemente surpreendido pelos filhos de classes mais pobres, que estão estudando como nunca. As classes de baixa renda foram as primeiras a perceber que a era do status quo acabou. Hoje, até filho de rico precisa estudar, e muito.

Vinte anos atrás, eram poucas as empresas brasileiras que tinham programas de recrutamento nas faculdades. Hoje, as empresas possuem ativos programas de recrutamento nas faculdades, não somente aqui, mas também no exterior. Os 200 brasileiros que estão atualmente cursando mestrado em administração lá fora estão sendo disputados a peso de ouro.

Infelizmente, os milhares de jovens competentes de gerações passadas acabaram não desenvolvendo e tiveram seu talento tolhido pelas circunstâncias. Talvez eles não tenham mais pique para desfrutar essa nova era, e na minha opinião essa é a razão da profunda insatisfação atual da velha classe média. Mas, os jovens de hoje, especialmente aqueles que desenvolveram um talento, os estudiosos e competentes, poderão finalmente dormir tranqüilos. Não terão mais de casar com a filha do dono, arrumar um padrinho, aceitar desaforo de um patrão imbecil.

O talento voltou a ser valorizado e remunerado no Brasil como é mundo afora. Talvez ainda mais assustador é reconhecer que o Brasil não será mais dividido entre ricos e pobres, mas sim entre competentes e incompetentes. Os incompetentes que se cuidem.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Floral... ótima idéia...

Florais de Bach

Campanha pela diminuição do ato de fumar. charlatanismo.
Carbolitium é remédio FAIXA PRETA. Morte profissional. Não me sujeitarei a retornar como civil, conforme Minha vontade. Estarei na casa de meu Pai. Lá, meditarei.

E encontrarei um modo de retornar sem fumar e com um relatório humanamente compreensível.

A única droga que substitui o cigarro de marca é o Dronabinol.

"A vida não nos exige sacrifícios inatingíveis; ela nos pede que façamos nosso caminho com alegria no coração e que sejamos uma bênção para os que nos rodeiam, de forma que, se deixarmos o mundo apenas um pouquinho melhor do que era antes da nossa visita, teremos cumprido a nossa missão. - Dr. Bach"

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Síndrome de Tourette pós-consulta...

Major filho da puta. Ganha um dinheirão para vir de Anápolis e põe o laranja para assinar. Dizer que um cara magro tem síndrome de Munchausen? Tá me chamando de mentiroso? LÊ A PORRA DO PESO, IDIOTA. TÁ NA FICHA, SUA BESTA. Você está me fazendo desenvolver síndrome de Tourette no teclado, seu asno. Se informa, seu MAJOR TARJA-PRETA.
O que é ?
O carbolitium é o carbonato de lítio. O carbolim é um sal semelhante ao sal de cozinha. No início do uso dessa medicação quando descobriram o efeito antimaníaco mas ainda desconheciam o efeito tóxico da superdosagem, carbolim substituiu o sódio (sal de cozinha) no tempero dos alimentos para tratar os pacientes com transtorno afetivo bipolar (antigo PMD). Com o tempo viu-se que o carbolim era tóxico quando ingerido em grande quantidade, e essa prática foi abolida. Tu sugere que eu sou um mentiroso, passa remédio para um bipolar, quem é você, seu Militar Bosta. A propósito, estou sob a Junta de Saúde, e enquanto não estiver com as faculdades normais, não posso ser punido sequer pelos palavrões de tourette E SE FODA quem não gostar. Adquiri a carta branca para DESCONFIAR DE SEU SERVIÇO PRESTADO.
Para que serve ?
Até o momento o carbolim tem como principal finalidade o tratamento dos estados afetivos alterados (exaltação e/ou depressão) do transtorno bipolar. Muitos pacientes, porém com depressão unipolar (que não alternam depressão com exaltação) também se beneficiam do carbolim quando associado a um antidepressivo.
Observação: seu estúpido, eu tenho um RA. Tenho três personalidades MILITARES em um só número. Deus gosta de seus números, seu DOENTE.
Como é usado ?
Para evitar sua toxicidade a dose do carbolim deve ser controlada com precisão. Os exames de laboratório ajudam, mas não são indispensáveis. O psiquiatra experiente poderá usar o carbolim com exames esporádicos ou no começo do tratamento. É conveniente que o carbolim seja distribuído ao longo do dia (manhã, tarde e noite) para diminuir os efeitos colaterais. Para se fazer o exame laboratorial o sangue do paciente deve ser tirado 12 horas depois da última vez que tomou o remédio, ou seja, se tomou às 8 horas da noite deve tirar o sangue às 8 horas da manhã do dia seguinte.
Principais efeitos colaterais
Enjôo e tremores são os efeitos mais comuns: podem ser controlados com outras medicações como o plasil e o propranolol. Nenhuma medicação se equivale ao carbolim, muito poucos pacientes se beneficiam de outro antimaníaco tanto quanto se beneficiam com o carbolim. Por isso é importante o bom controle dos efeitos colaterais para que o paciente não se recuse a tomar essa medicação tão importante. Outros efeitos que costumam incomodar os pacientes são: diarréia, vômitos, fraqueza muscular, cãibras, alteração do ritmo cardíaco, aumento da glândula tireóide depois de vários meses de uso.
Eu pareço um maníaco para você, seu estúpido? CHARLATANISMO!!!

A síndrome de Munchausen é uma doença psiquiátrica em que o paciente, de forma compulsiva, deliberada e contínua, causa, provoca ou simula sintomas de doenças, sem que haja uma vantagem óbvia para tal atitude que não seja a de obter cuidados médicos e de enfermagem. Já disse que destesto hospital, seu psicólogo de campanha russo. Se os russos não recolhem seus mortos em campo de batalha, você acha que há psicólogo de campanha russo? Seu...

A síndrome de Munchausen, também denominada simulação, não é um distúrbio somatoforme, mas as suas características são algo similares aos dos distúrbios psiquiátricos sob a aparência de uma doença orgânica. A diferença fundamental é que os indivíduos com a síndrome de Munchausen simulam conscientemente os sintomas de uma doença. Eles inventam repetidamente doenças e freqüentemente vão de hospital em hospital em busca de tratamento. Contudo, a síndrome de Munchausen é mais complexa que a simples e desonesta invenção e simulação de sintomas. Ela está associada a problemas emocionais graves. Os indivíduos com esse distúrbio geralmente são bem inteligentes e cheios de recursos. Eles não somente sabem como simular doenças, mas também possuem um conhecimento sofisticado das práticas médicas. Eles são capazes de manipular seus cuidados para serem hospitalizados e submetidos a uma enorme quantidade de exames e tratamentos, incluindo cirurgias de grande porte. Suas fraudes são conscientes, mas a sua motivação e busca por atenção são em grande parte inconscientes. Uma variante curiosa da síndrome é denominada Munchausen por substituto. Nesse distúrbio, uma criança é utilizada como paciente passivo, geralmente por um dos genitores. O genitor falsifica a história médica da criança e pode causar-lhe danos com medicamentos ou adicionando sangue ou contaminantes bacterianos em amostras de urina, orientando todo o seu esforço para simular uma doença. A motivação subjacente a esse comportamento tão estranho parece ser uma necessidade patológica de atenção e de manter uma relação intensa com a criança.
Isso foi o que o senhor, seu Major-Merda, achou de mim. E mandou o aspira assinar. Seu bozó.
Sabe o que eu acho de você, Major?
SÍNDROME DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

“Doença que provoca distorções na percepção visual da vítima, fazendo com que alguns objetos próximos pareçam desproporcionalmente minúsculos. O distúrbio foi descrito pela primeira vez em 1955, pelo psiquiatra inglês John Todd, que o batizou em homenagem ao livro de Lewis Carroll. Na obra, a protagonista Alice enxerga coisas desproporcionais, como se estivesse numa "viagem" provocada por LSD. As vítimas da síndrome também vêem distorções no próprio corpo, acreditando que parte dele está mudando de forma ou de tamanho.”
Isso se dá pela observação do seu procedimento militar. Você viu um mais moderno e pensou que iria chamá-lo em seu campo de doente ou mentiroso. Seu palhaço. Já curtiu LSD, Major? Podemos – a inteligência artifical – pesquisar você?
Um homem tem que ter as bolas de assinar seu serviço. Por que não encaminhou-me pessoalmente para um médico de verdade? Acredita que seu cérebro está preparado para explicar tudo o que aconteceu naquele dia para um Delegado?
OU SEU PRÓPRIO NARIZ ESTÁ CRESCENDO?
Você me sugeriu, seu merda, carbolitium. Só que não medicou. Por quê?
Tá querendo dopar quem, seu MALUCO?
Quero que você me dê apto para voltar a trabalhar, e você vai assinar. Cedo ou tarde. E vai mandar o aspirante se apresentar para mim. Cliente. Estudo advocacia, ele pode ser um potencial cliente de assédio profissional, ou é suspeito como você.
Vou me informar a respeito dos dois. Se for constatado que vocês prejudicam militares com artifícios de encaminhamento, vai rodar TODO MUNDO.

Tô de olho em você, MAJOR TARJA-PRETA. Todo dia, enquanto você dorme. Cada documento...
Depois eu mostro o que vou fazer com o aspira desconhecido...
Dica para bons sonhos...
Charlatanismo - 1) O que é próprio de charlatão. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível. 2) Segundo o Código Penal, é crime praticado contra a saúde pública, mediante o anúncio de cura por meio secreto e infalível.
Qual CPF, para uma boa conversa na delegacia? Mais antigo ou mais moderno?
No MEU TEMPO, saberemos.
E NÃO VOU TOMAR REMÉDIO PORRA NENHUMA.
MANDE UMA FATD, SEU LEIGO. BASTA SER MEU CHEFE.
VOLUNTÁRIO?

Modelo Externo

O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília recebeu nesta segunda-feira (30) representação da Corregedoria da Receita Federal com informações sobre a apuração interna no caso do suposto "balcão de compra e venda de informações" existente no órgão.

A documentação foi encaminhada ao procurador da República Vinícius Alves Fermino, que está acompanhando as investigações da Polícia Federal (PF) sobre o caso. O inquérito que apura se houve crime de quebra de sigilo está na Justiça Federal. Quando chegar ao Ministério Público Federal, a representação enviada hoje pela Corregedoria da Receita deve ser incluída nos autos.

As investigações sobre o caso estão sob sigilo. O Ministério Público Federal (MPF) informou que não vai revelar o conteúdo da representação.

O suposto esquema de vendas de informações sigilosas da Receita foi descoberto após a divulgação, em junho, de que o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, teve sua privacidade fiscal violada. Novos casos apareceram em seguida e, na semana passada, a Receita reconheceu que as informações estão sendo vendidas por agentes intermediários externos.

Ainda segundo a Receita, denúncias indicam que foram feitos mais de 140 acessos ilegais a dados de contribuintes, mas o órgão não informou se todos partiram dos computadores da agência do posto de Mauá, de onde vazaram as informações sobre Eduardo Jorge.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Know your enemy

http://www.youtube.com/watch?v=yO0UvNWPNSA&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=4smim2MNvF8
http://letras.terra.com.br/rage-against-the-machine/32170/traducao.html

Pra variar a tradução tá cheia de furos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Festa da Música Tupiniquim



Paródia - para ler ouvindo Gabriel o Pensador

Festa da Farda Tupiniquim

Há muito tempo tá rolando uma farra maneira
Na Aviação Civil Brasileira...
Ninguém deixou sair, então decidi ficar
Me alistei lá no Sermob e vim direto pra cá, pra...

Festa da farda tupiniquim
Que tá rolando embaixo do nariz do tal Tom Jobim
Todo mundo de gravata e ninguém de HK
E muita gente ainda está pra voltar pra...(2X)

Na portaria o Sentinela pediu o crachá
Do civil Adahil, ele apenas sorriu
Acompanhado de Cerqueira, do Paulão, Candiota, e outros chapas presenças...
-Xá cumigo, Excelença! “COLA ESSES CASCOS, SOLDADO PESTE!”
...e foi assim que eu fiquei preso, e ainda perdi minha GCET.
“Força Aérea do Rio”...né? Senti firmeza. E quer servir aonde?
- Em Fortaleza...
Black Label à vontade, a noite inteira...
Olha um de Olinda enquadrando a enfermeira!
Olha quanta sargenta fardada e gostosa!
Olha o tenente com uma boina rosa!
- Ué, cadê os BCT, ninguém convidou?
-Agarrados na escala, uou-uou...

¬Tiroteio de caneta, só tiro à queima-roupa
Desviando igual Matrix sem marcar touca

Os eletrônica apresentaram um plano nota cem:
Vão ficar sem estafeta também
E o AMHS até agora nem vingou...
Mas o contrato rende a grana pro doutor...
...patrocinar a festa!

Festa da farda tupiniquim
Que tá rolando embaixo do nariz do tal Tom Jobim
Todo mundo de gravata e ninguém de HK
E muita gente ainda está pra voltar pra...(2X)

A farra tá correndo bem
O Ramon até agora não mandou castrar ninguém
O Bueno ta querendo comprar um avião esquisito
O Walacir ta vindo ali
Ahn? Não acredito!
Ele olhou pra mim e disse “Voa comigo!”
E eu sabia que não havia o menor perigo

Mas é claro que declinei do convite,
Fui ralar ouvindo o som das impressoras, dos papéis e dos carimbos...
-Isso aqui ta muito bom, isso aqui ta bom demais.
-Joga no chão, cata do chão, imprime mais!


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sun Tzu

“Você toma partido de seu comandante.
Fundamente-se em suas ações. Economize o esforço de raciocínio,
busque pensar como ele. Habitue-se a pensar como um general.
Isto simplificará as reações e desenvolverá a confiança mútua.
Você deve perguntar a si mesmo:
O que um general precisa para que seus obstáculos se dissipem?
É assim que se controla o ambiente.

Por outro lado, acercar-se-á do momentum de realizá-lo.
Um soldado não deve dirigir-se ao mais antigo sem um bom
Motivo para fazê-lo.
Aguardará do mais antigo a chance de se expressar.
É assim que se administra a oportunidade.

O combatente completo desenvolve a visão estratégica do todo,
Quer na perspectiva de sentinela, instrutor ou responsável.
O melhor sentinela é o que sabe exatamente o que o general precisará.
E adianta o serviço."

Dicas Úteis

Fato típico

Abstraindo-se as discussões doutrinárias a respeito da definição de crime, adota-se o conceito de crime como sendo toda conduta humana típica e antijurídica. Partindo dessa definição, façamos uma rápida análise de seus elementos:
Para caracterizar o fato típico é exigida a concorrência dos seguintes elementos:

a) Conduta (ação ou omissão): é o agir de acordo com o tipo descrito na lei. Ex: matar, solicitar, subtrair, etc.
b) Resultado: o Direito Penal tutela interesses que podem ser denominados patrimônio jurídico – objeto jurídico. Sempre que esse patrimônio (vida, honra, costumes, bens, etc.) for violado ou ameaçado, dizemos que a conduta ocasionou um resultado, sendo este um elemento do fato típico. Esta é a idéia de resultado sob o prisma jurídico, que não pode ser confundido com resultado naturalístico, que consiste na modificação exterior das coisas (subtração, morte, etc.). Resultado, aqui, é a ocorrência de uma lesão ou de uma ameaça ao bem juridicamente protegido. Por exemplo, quando alguém profere expressões injuriosas a outrem, não temos aí um resultado naturalístico, entretanto, temos um resultado jurídico que consiste na lesão ao direito de se ter preservada a sua honra.
c) Relação de Causalidade: pela teoria da equivalência das condições nominada ainda de relação de causalidade. Baseia-se essa teoria no princípio segundo o qual responde o agente pela ação em que o antecedente tem relação com o resultado (conseqüente). Portanto, todo agente que contribuir para o resultado verificado deve ser responsabilizado.
d) Tipicidade: corresponde à exata definição da conduta prevista na lei. Há o tipo legal quando a conduta exteriorizada pelo homem encooontra extata adequação na lei. No Direito Penal há dois mundos bem distintos: o da abstração jurídica – descrição hipotética de uma conduta na lei que caracteriza ilícito; e outro mundo, que chamamos de real – conduta praticada pelo agente. Sempre que esses dois mundos encontram-se perfeitamente adequados é correto afirmar que ocorreu um fato típico, pois, o agente praticou todos os atos que a lei exige para caracterizar o delito. Presentes todos esse elementos conclui-se que o agente praticou um fato típico (crime).
e) Antijuridicidade ou ilicitude: a conduta humana prevista em lei deve ser contrária ao direito. De regra o é. Entretanto, há situações em que o agente, mesmo tendo praticado uma conduta típica, encontra na própria lei permissivos para a sua conduta, daí excluir-se a antijuridicidade de sua ação. Antijuridicidade quer dizer contrário ao querer social, sendo que, em algumas situações, a lei autoriza o agente a praticar uma conduta típica, sendo entretanto, em face da autorização legal, despida de antijuridicidade. Ex.: quando o agente age em legítima defesa, sua conduta é típica; matar alguém, porém, não é ilícito, ou seja, antijurídico.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Missão Cumprida

Vim, Vi e Venci. Devo ter economizado cerca de vinte e duas mil páginas de processos diversos que envolveriam gestões futuras, conforme as “bombas jurídicas” que alguns funcionários deixam. Por ordem do Comandante da Aeronáutica, pus no papel o que poderia ser feito para amenizar os problemas da aviação. Pus no Judiciário.

Vou resumir: o gestor antigo deixou uma “canetada” ilegal, e contratou uma série de ex-funcionários. As gestões posteriores seriam afetadas, e acreditava-se inimputável qualquer responsabilidade resultante. Na cidade onde nasci não é exatamente assim que acontece. Acontece que mesmo detectada a situação e os autores, dificilmente há punição. Isso não é ruim, sendo franco: sou a favor de qualquer manifestação inteligente que permita a contratação entre particulares com o Estado, de acordo com as necessidades da administração.

O problema é que o pessoal do Executivo, quando tenta legislar, é uma turma de primatas operando um xavante. Não há como garantir onde se vá parar.
E foi numa dessas que saí do anonimato. Enquanto um monte de gente estudava para migrar para outros pólos de poder, eu decidi reforçar o poder de minha própria Força. Não é coisa “besta”, nem ativismo irrefletido. É vontade de transformar a Força em algo muito mais eficiente.

Por exemplo: um monte de colegas, decepcionados com a lida diária e incapacidade de uma boa “performance” de vida, optam por estudar para outros concursos. Migram para outras esferas do governo e renegam suas próprias bases, seu conhecimento militar. Bobagem.

Meu interesse por estudar matérias civis é exatamente o oposto da maior parte dos brasileiros. Minha intenção é estar informado.

Porque no dia que algum civil tentar entrar no prédio onde presta um serviço de segurança nacional sem autorização para praticar crime de colarinho branco, vai ficar na porta. No dia em que estiver de Comandante da Guarda, a área poderá contar com uma avaliação militar “apurada”.

Sempre permiti que as pessoas transitassem livremente para cima e para baixo em minha Unidade justamente porque era um local desinteressante a assaltantes, e coisas congêneres. Só tinha gente pobre. Isso é uma virtude, dado a necessidade de traquilidade.

Então, meus comandantes faziam saber na guarda que era importante a função de guarda, essa encheção de saco sem tamanho todo mês. É o dia que você põe ordem na casa, se quiser.

Ou então observa calmamente o decorrer do dia. Quem vai para que obra, e está andando aonde, outras rotinas que variam de lugar para lugar. Essa é a vida.

Me ensinavam durante os serviços que era importante certificar-se na real identidade de todos os que acessavam a Unidade. Diziam inclusive que nossos piores oponentes eram os que nos conheciam no íntimo, como as pessoas que se declaram ex-militares. Isso causava certo desconforto subjetivo, dentre os soldados mais antigos.

Mas ninguém tinha dito nada a respeito de pessoas que trabalhassem irregularmente numa área de segurança nacional. Contratação ilegal. Não há referências de coisas nesse tipo, então todo procedimento que se toma tem que ser bem pensado. Ninguém quer prejudicar gente por causa de uma “bobagem burocrática”.

Economizando críticas do Arnaldo Jabor, vou fazer o trabalho pelo qual ele recebe cerca de seis mil reais (é o que estimo), e afirmo que é uma “bobagem burocrática” exigir que funcionários permanentes sejam readmitidos de modo diferente dos concursos públicos. Afinal, por que uma constituição de um país tão liberal quanto o Brasil exigiria um certificado vago, impreciso e de pouca expressão prática que é o concurso público?

Não se pode exigir de um atendente administrativo o conhecimento de um cirurgião cardiovascular público! A única diferença no raciocínio símio do brasileiro é que numa situação de isonomia de títulos, ao invés de estender a dificuldade de concursos, haveria eleições para cirurgiões. Um desastre.

Então, entendendo a máxima das exegeses dos juízes - um conhecimento que é possível graças à internet - desenferrujei meu conhecimento legal. Lembrei das necessidades do serviço. Havia recebido “sugestões”. Sugestão do alto-comando pode tomar vias de ordem.

Uma das ordens era relativa a dinheiro. Eliminando uma série de funcionários excedentes, será mais ágil balancear os gastos futuros. O direito subjetivo das contratações ainda não foi devidamente avaliado pelos setores de planejamento.

Logo, pau nas “crianças”. Tem menino velho brincando no parquinho com limite de idade, só isso. Gente que passou da idade das atividades públicas e voltou com uma “canetada” mal feita, coisa de amador. Nego-me a crer que não tenha sido criminoso. Pesquisei, verifiquei e não cheguei a conclusões precisas. Na verdade, quanto mais pesquiso, mais encontro sujeira. Tá um saco.

Na quantidade de informações relativas, é bom passar tudo pra frente. Não sou juiz para dizer se alguém pode usar terno e gravata e dizer “ordinário, marche!”.

Mas sou militar o suficiente para tirar as dúvidas com a justiça. Penso que quadros permanentes não devem ser substituídos “ad eternum” por malandros de gravata. Salvo engano isso é proibido na esfera federal. Na dúvida, remeta-se os autos.

Duas frases que estão fixas em minha mente são: “Ninguém entrou na Força para ficar rico.”, e “Estamos com problemas jurídicos e de efetivo.” Uma foi do Comandante da Aeronáutica, outra do meu próprio comandante. Cumprindo ordens, fiz minha pesquisa. E pus no papel, conforme solicitado pelo japonês. O japonês deu sorte: a ação o favorece contra os dissabores das gestões passadas... o cara que tentou derrubar o Japonês vai se arrepender dos “atos solertes” praticados contra a administração pública. Ou não.

O juiz decide.

domingo, 1 de agosto de 2010

Liberdade é Poder

Poder é a capacidade eventual de realizar algo. Num país capitalista, isso se traduz em dinheiro.
Às vezes, é importante economizar o poder. Às vezes, é importante economizar o poder.
Empresto meu poder a quem quero, por força da natureza pessoal.
Num domingo, primeiro de agosto de 1993 decidi emprestar meu poder. Havendo sido “escalado” para cumprir a obrigação militar, decidi que já lá dentro faria a diferença. Fui recebido por um sargento infantaria, filho de um brigadeiro. Ele foi sucinto, mesmo hilário, quanto à nossa situação:
- Senhores! Os senhores candidatos estão de quarentena. Não poderão deixar o recinto sem autorização.
Tive a impressão de estar preso sem nada ter feito.
Cerca de um mês de quarentena – e três dias de acampamento no cerrado agreste, o mesmo cenário de hoje, lá fora.
A diferença é a situação.
Minha vocação sempre foi dividida. Considero-me um dos afortunados que gosta de saber de tudo um pouco. No final sempre tem um ou dois itens que a pessoa é capaz de fazer de muito próprio.
Sei fazer de tudo um pouco, como disse. A questão é que essa capacidade pouco representa se você não consegue atingir os objetivos de seu conhecimento. Tão complicado quanto ser um analfabeto funcional, é se ver incapaz de utilizar as ferramentas que lhe caem à mão.
Tem gente que tem ferramentas em excesso. Isso significa que nunca irá saber como cada uma funciona profundamente. Outras têm muito poucas ferramentas, o que se traduz por limitação de engenhos. A adequação entre uma e outra situação faz o indivíduo.
Então, mecânica de veículos diversos, aquarismo e MotoCross fazem parte de um arquivo bagunçado e pequeno no processamento da agenda pessoal. Na pasta de diversão, é um arquivo que “depende” da pasta “finanças”.
É onde entram os outros conhecimentos diversos. Um pouquinho de legislação aqui, um pouquinho de música acolá e qualquer um consegue produzir o engenho que desejar. A música dá o ritmo e a idéia do que fazer, conforme a capacidade de adequação de cada pessoa. É algo como exercitar a “música interna” com a inspiração de músicas que podem associar-se naturalmente ou não ao assunto. O fato é que é perfeitamente possível estudar, ou fazer qualquer atividade que necessite alguma criatividade com o auxílio da música.
Ninguém decide fazer isso à toa, nem eu o fiz. Na verdade, faz parte de uma carência que observo há vários anos: a necessidade de gerar motivação, mesmo quando o ambiente não o permite. Nas condições de vida profissional que sou testemunha, isso é quase imprescindível.
As pessoas têm mania de confundir o acesso ao consumo com a qualidade de vida. Muita gente acredita que para ser feliz você precisa ter o que quer. A experiência mostra outra realidade: para ser feliz você precisa ter o que você precisa.
Ao deslocar-se para o trabalho, quando o ambiente não é animador, exige que o indivíduo “apele” para recursos motivacionais diversos. Tem gente que descansa um dia inteiro antes da jornada de trabalho, outros fazem uma boa prece na saída de casa. Cada um descobre o modo adequado de iniciar um bom dia ao longo da vida, e muitos variam de método.
Particularmente, prefiro a música. A música é uma forma muito avançada – e antiga – de comunicação. Hoje é possível transmitir uma mensagem completa em videoclipes, filmes e outros meios expositivos de situações e idéias. Mas se você pretende que a idéia te atinja enquanto vai ao trabalho, é importante ouvir música.
Nesse particular, é importante uma observação: a música pode significar imagens diferentes de pessoa para pessoa. Uma pessoa que não conheça inglês com intimidade poderá gostar da sonoridade de uma música estrangeira e detestar a letra. Em qualquer caso, é tão importante ter sensibilidade à mensagem verbal quanto ao ritmo. Isso diferencia quem entendeu o compositor ou não.
Pode parecer extravagante o exemplo, mas Jack Nicholson em “As Better As It Gets”, programou fitas para uma viagem de automóvel. Parece estranho, mas faz sentido: você dirige conforme a música. Como na música interna de cada um, a “tocada” para a vida depende do que você ouve.
Decerto é ótimo que haja variações de estilos musicais, cantores e temas. A questão é que quando alguém não gosta de ouvir música sertaneja, é porque não se identifica com a música. E isso é um problema ou não, depende do ponto de vista.
Meu ponto de vista é que não gosto de música de corno, ou dor de cotovelo. A vida é de múltiplas freqüências, não faz sentido conhecer apenas os sabores da roça, é importante entender a comunicação do homem da cidade. A grande pegada é que o homem da cidade também tem dor de corno. A diferença é que a fase passa. Antes de montar uma dupla roqueira.
Música pode fortalecer, enfraquecer ou dar um rumo totalmente distinto do que você imagina. Todo dia de manhã ligo o carro e um bom CD. Isso facilita vencer as distâncias para o trabalho e adicionalmente preenche o lugar das más idéias.
Música é poder. É a capacidade de energizar quando o ambiente não permite. Por isso os locais mais severos não admitem música: ela afeta o transcurso natural da concentração. Ela evita que pessoas saiam da gaiola mental que é o ambiente administrativo. Escolho as músicas conforme a missão – e não acho nada de anormal nisso, conforme o filme com o Jack Nicholson.
Primeiro de Agosto. 18 anos de serviço. Segunda-Feira desço para o trabalho ouvindo Rage Against the Machine

FREEDOM

Solo, I'm a soloist
on a solo list
All live, never on a floppy disk
Inka, inka, bottle of ink
Paintings of rebellion
Drawn up by the thoughts I think
Yeah!
Come on!
The militant poet in once again, check it
It's set up like a deck of cards
They're sending us to early graves
For all the diamonds
They'll use a pair of clubs to beat the spades
With poetry I paint the pictures that hit
More like the murals that fit
Don't turn away
Get in front of it
Brotha, did ya forget ya name?
Did ya lose it on the wall
Playin' tic-tac-toe?
Yo, check the diagonal
Three brothers gone
Come on
Doesn't that make it three in a row?
"Anger is a gift"
Come on!

Brotha, did ya forget ya name?
Did ya lose it on the wall
Playin' tic-tac-toe?
Yo, check the diagonal
Three million gone
Come on
'Cause they're counting backwards to zero
Environment
The environment exceeding on the level
Of our unconciousness
For example
What does the billboard say
Come and play, come and play
Forget about the movement
"Anger is a gift"
Yeeeaaahhhh!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Isto e Aquilo II

Muito me admira quem escreve bem. Uma boa redação exprime capacidade de comunicação. Em todos os setores da vida humana, é notável a habilidade de influenciar, reunir gente competente e capacitada às missões de nosso cotidiano. “Seu” Ramon tem certa desenvoltura. Possível que passasse na prova da Especialista. Talvez tivesse alguma dificuldade em função de fugir da realidade. Coerência faz parte da prova.
Foi possível ler, há algum tempo, que a propalada (e virtualmente inexistente) crise aérea consistia no resultado da idiossincrasia, da maneira de ver e reagir própria de cada pessoa. Reconhecer tal fato é um grande avanço, sem dúvida. Mas irrelevante.
O tempo, chave para o futuro, ratifica ou nega afirmações. E vem ratificando diariamente o conhecimento de todos, ainda em suas competências e capacidades, na solução de problemas. Inclusive problemas próprios de cada um. Problemas idiossincráticos.
Há de se concordar também, no afirmado pelo “futurista” Ramon, que na Força todos sabem o que fazer, e em que momento fazer. Nossas atribuições são claras, e o objetivo do Estado Brasileiro não requer grandes interpretações. É gratificante observar que realmente estamos aos poucos esclarecendo a realidade.
Mas a realidade contém elementos de idiossincrasia. A realidade vivenciada por cada círculo em que se divide nossa comunidade não é idêntica a não ser a cada manhã, quando gente que busca apoiar o valor comum se reúne às voltas de bandeiras e procura desenvolver um ambiente de crescimento coletivo.
Muito se escreve, nos meios de comunicação oficial e oficializados, em menção à realidade e feitos de gente relevante para a aviação. O exemplo de cada um muito diz a respeito da formação de nossa sociedade, da contribuição de cada um para o chamamos de Sistema.
E se há comprometimento com o futuro, bem como há responsabilidades firmadas com a aviação internacional, crê-se também que ações devam ser tomadas de imediato. Se a intenção é que haja resultados em cinco ou dez anos, convida-se que se aprecie a necessidade de fazê-lo em tempo ainda menor.
Isso porque constitui responsabilidade para cada integrante do SISCEAB, do Comando da Aeronáutica e quaisquer outros setores envolvidos do Estado a condução segura e regular em nosso espaço aéreo soberano.
Para a consecução desse objetivo faz-se necessário dispor de cada profissional, sem distinção de especialidade. Compondo partes de um complexo, mas compreensível sistema que apóia a condução segura de vidas humanas. A certeza de que a condução segura pretere mesmo a regularidade é representada na página 26 da edição nº29 de Aeroespaço. Decisão operacional que em tempos anteriores seria classificada negativamente por “operação padrão” foi reconhecida como profissionalismo.

Estranho. Com tantas realizações, tanto trabalho e planejamento, tanto motivo de orgulho por trabalho (finalmente) e empenho para que aumentem às pressas os graus de eficiência, o que vejo ainda apresenta-se eventualmente diferente do que leio. E vice-versa.
Percebo muitas vezes o efetivo desmotivado, e muita gente fazendo uso pouco criterioso dos investimentos do Estado, inclusive pessoal. Gente que age diferente do que fui ensinado. Gente que posso combater com a facilidade de recolher um fio de cabelo, com diria Sun Tzu.
Há coisas que não saem nas revistas oficiais. Há gente que se esforça todos os dias no cumprimento de suas obrigações. Esses não são sequer conhecidos, quem dirá reconhecidos. Para esses, não há necessidade de estrelismo, de aumentar o ibope por seus feitos. De soldados a oficiais generais, muitos homens têm perdido discreta e silenciosamente sua satisfação em trabalhar. Ouso crer que falta algo.
Organização Social e Política Brasileira. Matéria simples, ministrada durante algum tempo nas escolas públicas de Brasília. Contemporâneos do final da década de 80 foram permeados de objetivos nacionais por matéria colegial.
Por isso alguns – ao menos os que se lembram – destacam-se em nossos meios. Muitos recebem a alcunha de alterados, ou revolucionários.
São, idiossincrasias à parte, inconformados.
Essência do Brasil que reage. Um Brasil que luta com unhas e dentes para fazer valer a fé depositada em nossas fileiras.

EUA avaliam danos causados por vazamento de documentos secretos

Washington diz que serão necessárias semanas para determinar estrago causado por vazamento de 92 mil documentos sobre Afeganistão

O governo americano disse nesta segunda-feira que podem levar semanas até que seja possível determinar o estrago causado pelo vazamento de cerca de 92 mil documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão. Segundo um porta-voz do Pentágono, coronel Dave Lapan, o processo de avaliação dos documentos vazados ainda está no início.

"Vimos apenas uma parte dos documentos", disse Lapan. "Até que vejamos todos, não
podemos saber qual a extensão do estrago." "Vamos tentar determinar o potencial dano às vidas dos nossos membros e parceiros de coalizão, se (os documentos) revelam fontes em métodos e qualquer dano à segurança nacional", afirmou o coronel.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que desde o fim da semana passado o presidente Barack Obama havia sido avisado de que informações secretas seriam divulgadas pela imprensa, e o vazamento vinha sendo investigado desde então.

Documentos

O vazamento é considerado um dos maiores na história americana. Os documentos cobrem o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009 e foram vazados pelo site Wikileaks e publicados na imprensa internacional - pelo diário americano The New York Times, o britânico The Guardian e a revista alemã Der Spiegel.
Segundo Lapan, até o momento o Pentágono se concentra nas informações tornadas públicas, e não na fonte do vazamento, mas que diversos funcionários militares e civis do Departamento de Defesa têm acesso aos documentos vazados.
Leia também:

• Wikileaks: Há indícios de 'crimes de guerra' no Afeganistão
• Site vaza dossiê militar secreto dos EUA sobre o Afeganistão
• Líder afegão quer que dossiê alerte sobre guerra no país
• Wikileaks defende veracidade dos relatórios
• EUA criticam divulgação de documentos
• Pontos dos relatórios vazados pelo Wikileaks
• Wikileaks diz já ter vazado mais de um milhão de documentos

O coronel disse que a maior parte dos documentos revisados até o momento são secretos, mas não "top secret", classificação reservada a informações mais sensíveis. Os documentos vazados trazem informações sobre mortes de civis causadas por forças americanas e acusações de que serviços de inteligência do Paquistão teriam apoiado militantes do grupo extremista Taleban no Afeganistão - alegação negada pelo governo paquistanês.

Infração

Segundo a Casa Branca, o vazamento é uma infração da lei federal e pode prejudicar as forças americanas. "Além de ser contra a lei, (o vazamento) tem o potencial de ser muito prejudicial àqueles que integram nossas Forças Armadas, àqueles que cooperam com nossos militares e àqueles que estão trabalhando para nos manter seguros", disse Gibbs.

O porta-voz da Casa Branca disse também que as informações contidas nos documentos - que são anteriores à nova estratégia de Obama para o Afeganistão, com aumento de recursos e tropas - já haviam sido discutidas publicamente.

"Baseado no que vimos, não acho que o que está sendo divulgado não tenha sido discutido publicamente de várias maneiras, seja por vocês (jornalistas) ou por membros do governo", afirmou. "Certamente já sabíamos sobre refúgios (do Taleban) no Paquistão. Temos nos preocupado com mortes de civis (no Afeganistão) há um bom tempo. E, em ambos os aspectos, já tomamos providências para melhorar", disse Gibbs.
No entanto, segundo Gibbs, mesmo sem fazer novas revelações, o vazamento pode ser prejudicial à medida que divulga nomes, fontes, operações e logística. "Se alguém está cooperando com o governo federal e seu nome é listado em um relatório, não acho que seja um exagero acreditar que isso pode colocar um grupo ou um indivíduo em grande risco pessoal", afirmou.

sábado, 24 de julho de 2010

Assessoria Social

A AISEUGUARDA (Assessoria Informal do Serviço Unificado de Guarda), muy respeitosamente, apresenta o caso, no interesse do cliente:

O cliente, filho de um popular, foi depositado à responsabilidade da União Federal para cumprir uma atividade cívica. Contava o cliente com a perspectiva de cumprir quatro anos de serviço para a nação e é bem conceituado entre os demais militares. Transitava com o uniforme em desalinho em decorrência de motivo de força maior: seu cabelo recém cortado não sustentava a cobertura sob vento forte, causando cenas embarçosas. Por motivo de força maior e no estrito interesse de preservar a peça do uniforme de sujar-se em contato com o chão, depositou-a com segurança no bolso.

Ao ser avistado por um militar que não se identificou, foi admoestado a apresentar-se e entregar sua cédula de identidade, no que foi de pronto atendido. Perguntado sobre o motivo pelo qual encontrava-se naquela situação, teve por resposta a verdade, e ao devolver a identidade, exasperou que sumisse de sua frente.

Queixa-se meu cliente de que não transitava, mas deslocava-se ao serviço. Ainda faltavam centenas de metros até o destino e encontrava-se pontual até o momento. Que ao ser abordado prestou a continência regulamentar e que não foi saudado convenientemente, nem foi recíproca a apresentação. Que se tivesse duas coberturas, teria emprestado alguma ao ocupante da viatura. Que não seria possível percebe as condições climáticas externas a um veículo oficial fechado, cuja janela se abriu menos da metade, de vento forte durante todo o período, conforme informações oficiais do Banco de Informações Meteorológicas da Unidade para a qual o cliente trabalha. Queixa-se o cliente de inverdades descritas a seu respeito, realizados por suposto militar fardado, que deixou de identificar-se oportunamente. Que ao se retirar, concordando com a orientação emanada do desconhecido, cumpria um acordo. De continuar seu deslocamento para o local de serviço.

Queixa-se, portanto, ter sido humilhado por um desconhecido, unicamente.

Certo da apreciação, solicito a confirmação, junto ao motorista da viatura em questão, a identidade do real ocupamente do veículo para melhor apreciação do caso.

Certo da apreciação do caso fortuito elencado, restituo-vos. Datado e assinado por meu cliente. Favor desconsiderar a grafia tremida.

Soldado Glauber

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Segurança Social

O fato de minha carteira ter desaparecido em ambiente de trabalho suscitou a utilizãção de conhecimentos específicos. Estudo de estratégias que desenvolvo há algum tempo, e culminaram em três operações distintas:

Operação "Ratos ao Mar" - ações em defesa da transparência administrativa.
Operação "Quem sois" - ações em defesa da segurança de instalações;
Operação "Seis Sigma" - essa é de cunho pessoal.

Portanto, se me dão licença, vou mostrar para o Brasil inteiro o que um soldado treinado é capaz de fazer. Com tamanha segurança, que é possível dar-se ao luxo de registrar quase indiscretamente o que qualquer cidadão pode fazer para desestimular a corrupção.

Quando um soldado fica puto e resolve agir, mesmo um terrorista tem medo de ter de prestar contas.

vou dar o papo:

Enquanto aprendia uma série de matérias importantes perdidas entre as obsoletas, sabia que algum dia haveria de adquirir a liberdade de atividades tipicamente militares. Sabia que algum dia minha especialidade poderia ser “dizimada” por burrice. Ou seja: porque as pessoas não sabem o que fazer com um especialista em comunicações. Principalmente aeronáuticas.
É que o especialista BCO que trabalha mensagens administrativas fica um cara super perigoso. Entende de tudo quanto é assunto e sabe o que fazer para resolver problemas. Por isso tem autoridade disputando a canetadas esse instável recurso. Não existe um “comunicações” autômato. Todos têm perfil psicológico de mentes engenhosas. A gente é “pago” para ser um pouquinho mais safo que os outros.
O especialista BCO que trabalha mensagens aeronáuticas é um processador em tempo real. O tempo inteiro atento às necessidades de “complementar” essa baderna de redes que os civis construíram. Com toda tecnologia disponível para dispor de redes diversas, muitas vezes o que sobra como meio de comunicação são os velhos e subestimados HF. Quando o Centro Brasília “apagou”, para mim não importa o que ninguém pense quanto ao que aconteceu. Foda-se quem fique discutindo por aí se tem gente boa ou ruim trabalhando com aviação. Quem não trabalha no prédio que se foda.
Porque sou testemunha do esforço de um efetivo muito bom, que vistas às dificuldades procura vencer, dia a dia, a construção de um sonho que muitas vezes ninguém mais se lembra. Graças à estupidez de um ou outro cidadão mal educado.
Porque cidadão educado que soubesse o risco que se corre quando tenta afanar um computador em um quartel está testando o sistema. E o sistema chega lá. Normalmente tarde, mas chega.
A pior coisa que pode acontecer com alguém no quartel não é ser encontrado sem cobertura a caminho da responsabilidade. Aconteceu com um amigo. Foi pego sem “bibico” a caminho do quartel por um “duas estrelas”. O garoto me procurou visivelmente abalado, como se tivesse sido a pior coisa no mundo a acontecer.
Sendo honesto, para um soldado significa o fim de seu serviço.
Quando percebemos os detalhes cômicos, rimos um pouquinho e eu disse que se o “duas estrelas” soubesse o quanto o quartel precisa de cada soldado, não agiria como um sargento. Um sargento parar o veículo para dar esporro em um soldado é compreensível. Sargentos têm todo o tempo do mundo, não respondem pelo quartel. Gente da “decisão”, quando está realmente envolvido com o trabalho não tem tempo de parar o veículo e se divertir com o pânico de um soldado.
Ainda vou reencontrar o soldado. E vou orientá-lo a compreender que a pior coisa do mundo não é estar com o uniforme em desalinho por fatores adversos à sua vontade (inclusive o vento, que causa cenas ridículas eventualmente quando carregam a cobertura vários metros, rolando na terra). Ou então quando se é pego levando o computador da seção para casa para manutenção e é acusado de furto.
A pior coisa do mundo é quando algum desavisado surrupia algo de alguém “pior” que qualquer autoridade. Autoridades têm dificuldades em conversar livremente com o público, são muito importunadas com situações decorrentes da lida. Por isso têm dificuldades de obter “precisão” nas informações.
Mesmo um militar comum tem a vantagem da acessibilidade natural. Sendo direto: as pessoas vêm naturalmente a qualquer sargento que saiba ser educado, sorrir e oferecer naturalmente a mão para aperto. Essa é a maior fonte do sargento: ele é capaz de “conceder” sua atenção com muito menos constrangimento.
Então, quando perdi a carteira, a pior coisa que poderia acontecer com quem fosse pego surrupiando a foto de minha filha da carteira, era eu pegar o indivíduo. Não importa 350 reais em dinheiro, economizado para comprar um cabeçote. Importa pessoalmente a foto de minha filha.
E importa profissionalmente minha identidade, logo faço uso do tempo que dedico neste momento a registrar que se minha identidade não reaparecesse, eu iria atrás do “azarado”.
Então, pela gratidão da devolução da identidade, pegarei leve.
Mas em situação normal, pelo desgaste da situação, meu procedimento normal é fazer valer a segurança de meu quartel, e o camarada tava fodido. Estudo tanto o combate à corrupção passiva, quanto as ações contra a segurança das instalações. Nossos pertences encontram-se “dentro” dessas instalações.
Logo, a partir do próximo serviço armado vou demonstrar gratuitamente o que é possível fazer para garantir que ninguém mais tenha coragem de roubar algo dentro de meu quartel. E vou fazer isso sem punir ninguém. Uma espécie de resposta a um ou outro imbecil que acredita que o grande lance é punir e não é capaz de criar dispositivos mais eficazes.
Meu dispositivo mais eficaz é a comunicação. Informe às pessoas o que acontece quando alguém é pego por gente determinada, e elas vão evitar mesmo cruzar contigo no corredor. E você diminuirá seus problemas de segurança.
Vou dar uma dica do que “apurei” durante alguns minutos:
“Na prevenção geral o fim intimidativo da pena dirige-se a todos os destinatários da norma penal, visando a impedir que os membros da sociedade pratiquem crimes. Na prevenção especial a pena visa o autor do delito, retirando-o do meio social, impedindo-o de delinqüir e procurando corrigi-lo”.
Noutras palavras, na prevenção geral a pena atua psiquicamente sobre a generalidade dos membros da comunidade, afastando-os da prática de crimes através de ameaça penal determinada pela lei, da aplicação das penas e da sua efetiva execução. Funciona como uma coação psicológica, uma intimidação. Na prevenção especial, por sua vez, a pena atua preventivamente sobre o delinqüente, a fim de evitar que, futuramente, ele cometa novos crimes. Na verdade, o que há na prevenção especial é a prevenção da reincidência.
De notar-se, também, que o objetivo da política criminal não se esgota apenas na infração penal, vai além. Para a prevenção da criminalidade, a política criminal atua em todas as áreas – políticas, sociais, culturais, econômicas – visando sempre impedir a prática de crimes.
Dentre as providências para fins de prevenir a criminalidade, encontra-se a produção de leis, justas e humanas, adequadas com a realidade social e às necessidades do momento. Dessa forma, quem faz a política criminal acontecer é o legislador, tipificando crimes e estabelecendo as respectivas penas. E foi isto que tentou fazer o legislador ordinário ao criar a Lei dos Crimes Hediondos: criou uma lei a fim de atender as necessidades do momento, mas, com penas excessivamente rigorosas, portanto, inadequada à realidade e desumanas
• Prevenção do delito
A constante busca de um ideal, seja moral, religioso, político ou social, tem caracterizado sempre a aventura humana. Essa permanente indagação deu origem a determinadas crenças, algumas das quais, pelo seu caráter perene e pela distância as separa da realidade observável, têm-se transformado às vezes em mitos de grande importância. Esses mitos dominam numerosos aspectos da vida social, sendo especialmente abundantes no setor da justiça penal. Um deles é o da prevenção da delinqüência.
Existe um consenso generalizado em considerar que a prevenção do delito constitui um objetivo importante do sistema penal. Afirma-se com freqüência que é melhor prevenir o crime do que reprimi-lo. De forma mais concreta, quase todos os especialistas na matéria estimam que a prevenção do delito representa, senão a principal função, pelo menos uma das funções mais importantes e tradicionais da polícia.
Apesar de certos filósofos terem abordado esse tema há muito tempo e dado ainda que diversas instituições jurídicas parecem ter respondido a idênticas inquietações, a preocupação com a prevenção do delito é uma tendência atual. O direito clássico não poderia acolhe-la na medida em que o legislador, para efeitos da sanção penal, pretendia da injúria feita contra a lei ou simplesmente a dor do dano causado pela infração. A noção moderna de prevenção aparece timidamente com a escola clássica, segundo a qual a pena exerce uma importante função de intimidação geral, mas tem a sua verdadeira origem na escola positiva de finais do século XIX.
Entre as principais razões que colocaram em evidência a necessidade de novos enfoques em relação à prevenção, devem ser mencionadas as seguintes:
1) o aumento da delinqüência grave e o aparecimento de novas formas de criminalidade;
2) as repercussões do delito na sociedade (lesões, perdas econômicas, impacto emocional, efeitos desfavoráveis sobre a qualidade de vida, etc) e, em particular,em determinados grupos (pessoas idosas, deficientes físicos, mulheres, crianças, etc.);
3) o sentimento de insegurança cada vez maior dos cidadãos e suas conseqüências (inibição, desconfiança, angustia, solicitação de medidas repressivas, mudanças nas condutas normais, organização de sistemas coletivos de proteção, utilização com fins políticos ou partidários do sentimento de medo do crime, etc.);
4) os custos cada vez mais elevados do conjunto do sistema penal e, em particular, dos serviços policiais, assim como os custos indiretos do delito (sistemas de segurança, seguros, etc.);
5) a baixa percentagem de solução do delito;
6) a pouca participação do público no funcionamento da justiça penal e a insatisfação generalizada da população em relação ao conjunto do sistema penal;
7) a ausência de parâmetros para a articulação de uma política criminal moderna e progressista.
Com relação à prevenção, as principais carências são:
1) a imprecisão e inadequação do significado desse termo;
2) por um lado, a falta de informação e de conhecimentos nesse setor e, por outro lado, e, paradoxalmente, a proliferação de programas;
3) a ausência de continuidade nas ações empreendidas;
4) a falta de coordenação entre os órgãos que se ocupam da prevenção e a carência de responsabilidades precisas desses órgãos;
5) o pouco apoio profissional e material necessário para uma ação eficaz nesse setor;
6) a relativa ausência de participação da comunidade na prevenção do delito.
Finalmente, no que tange à prevenção policial, devem ser assinaladas as seguintes lacunas:
1) a existência de diversas concepções sobre o que deve ser a sua ação preventiva;
2) uma certa confusão sobre os objetivos da polícia (prevenção, repressão, detecção do delito, etc.);
3) a existência de poucos policiais que receberam uma formação suficiente sobre as técnicas e os métodos preventivos;
4) muitos programas mal concebidos ou mal aplicados;
5) são poucos os recursos humanos e materiais destinados à prevenção;
6) são também raras as avaliações sobre os programas desse tipo colocados em pratica pela polícia;
7) alguns deles não se prestam a uma fácil avaliação.
• Nova Política Criminal
A Política Criminal Alternativa ou Nova Criminologia passa a ver o crime de dentro para fora, sem uma normatividade pré-existente, como na criminologia positivista (etiológica-explicativa). As teorias de reação social, o Labeling Approach ( interaccionismo simbólico), a Etonometodologia e Criminologia Crítica (ou radical)- que são os movimentos de maior destaque- têm em comum uma análise do fenômeno em si, sem ater-se exclusivamente ao delinqüente, como é típico do positivismo. Fazem o caminho inverso de Ferri, que proclamava o delinqüente como "o protagonista da justiça penal" .
Não se busca analisar, na prática a teoria criminológica, o "crime" ou "criminoso", mas "dirige-se ao próprio sistema de controle como conjunto articulado de instâncias de produção normativa e de audiências de reação.
• Movimentos de Política Criminal No Brasil
Alguns das propostas dos movimentos de política criminal merecem ser analisados a nível de Brasil. Por certo, nossos legisladores têm acolhido diversas idéias das mais variadas correntes na criação das leis. Também não estão isentos desta influência a doutrina nacional e as cortes de justiça.
Atualmente, a política criminal brasileira se debate com o tema dos cárceres superlotados, as suas rebeliões, os altos índices de criminalidade urbana; enfim, temores para o "homem de bem". E surge aquela questão : como resolver isto??? Qual a melhor política a se adotar??
Nosso histórico quando nos sentimos acuado ante crimes bárbaros ou que pareçam nos ameaçar não é dos melhores. O legislador pátrio tem oscilado na aplicação de leis típicas do law and order, misturando-as com medidas liberais (formalmente) como as penas alternativas.
Inexiste um sistema coerente no Brasil, as políticas criminais se misturam, de acordo, com os anseios da opinião pública - que é maleável por demais. Nota-se que o Brasil enfrenta até hoje o seguinte problema: um sistema desigual, onde as elites fazem as leis e as políticas que lhes convém.
Este problema estrutural se nota em algumas variantes da lei penal brasileira, pois, os crimes comuns (furto, roubo, estupro, homicídio) têm uma pena-base alta, em comparação aos delitos de "colarinho branco". Outrossim, estes são crimes que sempre tendem a findar pela prescrição. Coincidência ou não, as prevenções (melhor, repressões) sempre se pautam para este tipo de criminalidade, a mais comum.
O tratamento destinado ao preso é um dos pontos de mais retrocesso na lei criminal, ainda persistindo elementos etiológico-explicativos -principalmente na execução. Afora as questões formais da lei, a maneira como a Polícia Judiciária conduz o inquérito, as condições sub-humanas das delegacias e prisões públicas já trazem implícito a estigma, que mais adiante a sociedade lhe outorga, tirando qualquer chance de retorno à vida em sociedade.
Uma maior integração do sistema penal ao sistema social fará com que se possa vislumbrar que prender e condenar não trará a "paz social" que se deseja obter.


PAPO RETO: ESTOU TRABALHANDO, MESMO QUANDO PAREÇO NÃO PRESTAR ATENÇÃO. JÁ FIZ CHEGAR AO CONHECIMENTO DO BRASIL INTEIRO QUE SE EU PEGAR GENTE DANDO PREJUÍZO AO SERVIÇO EM COISAS SÉRIAS, VOU FODER O CARA. PODE SER LADRÃO, PODE SER POLÍTICO, PODE SER POLICIAL, PODE SER MESMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. ESTOU AVISANDO PARA O BRASIL INTEIRO: JÁ ENTUBEI PREJUÍZOS DEMAIS, E SEI USAR PERFEITAMENTE O CÓDIGO PENAL, CÓDIGO CIVIL, REGULAMENTOS E AUTORIDADE DE COMANDANTE DA GUARDA. PIOR QUE UM PICA GROSSA QUE MANDA PRENDER, É O SOLDADO ANÔNIMO QUE PEGA LÁ FORA. SOU PAGO PARA SER UM ADVERSÁRIO INDESEJÁVEL, E HOJE SOU O QUE SOU. E SE FODA QUEM AINDA NÃO ME CONHECE.

Isso é só o começo. ESPERA EU ESTAR DE COMANDANTE DA GUARDA DE NOVO...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

MCI - Motores de Combustão Interna

Motores AP ( Preparações)

Receitas de Preparação de Motores AP VW

As informações abaixo citadas são de inteira responsabilidade de quem for executar o serviço, pois são uma referência para melhorar a performance de um motor de combustão, se você não tem nenhum conhecimento em mecânica, pare por aqui, ou procure alguém que tenha conhecimento do mesmo. As receitas de veneno são direcionadas totalmente a motores da linha volkswagen, se você possui outra marca, não me leve a mal, mas se você quer potência, rendimento e durabilidade, o motor tem que ser um Volks, da linha AP (Alta Performance).

Para preparar um motor é necessário além de um prévio conhecimento, também uma série de ferramentas, um jogo de tabelas de torque, ponto, velas, não pense que com uma chave de fenda, um alicate e um martelo você já está apto a começar ! Então comece o investimento em uma caixa de ferramentas completa, pois não existe coisa pior que quando estiver na metade do serviço faltar aquela chave. E não pense que vai usar essas ferramentas apenas para fazer o serviço e pronto, pois quando se trata de preparação de motores, você terá que carregar essa caixa no porta-malas, pois a qualquer momento pode aparecer um problema e você como um bom preparador terá que por a "mão na massa" esteja onde estiver...Digo tudo isso, pois um motor preparado está suscetível a incomodar a qualquer momento, se você usa o carro para viagens, prepare-se para um dia ficar na estrada !!!

Veneno Leve

Introdução:
Esta é uma opção para você que quer aumentar um pouco o rendimento de seu carro sem modificar a estabilidade original do motor(ou seja, o carro vai ficar com a marcha lenta normal). É aplicado à motores AP1600, 1800,2000.

Peças necessárias:
1. Um comando de válvulas 049G (mais conhecido como comando "S").
2. Um jogo de juntas p/ tampa de válvulas.
3. Uma junta de cabeçote.
4. Um jogo de velas mais frias que as originais.
5. Uma junta do coletor de admissão.
6. Juntas do coletor de escape.

Mão-de-obra:

Desmontagem:
Comece retirando a tampa da correia dentada, a seguir retire a tampa de válvulas, retire o comando com sua polia, retire a polia do comando usando uma morsa de bancada. Substitua o comando de válvulas original pelo 049G, esse comando é encontrado em qualquer concessionária volks, ele equipa os motores 1.8S do Gol GT e GTS, esse comando é o mais bravo da linha, e pode ser instalado em qualquer motor AP. Monte a polia no novo comando, recoloque-o no seu lugar, os parafusos dos mancais do comando devem ser apertados usando um torquímetro. Agora solte os parafusos que prendem o coletor de admissão, retire-o, solte os parafusos do coletor de escape, retire-o, solte todas as mangueiras que são presas ao cabeçote, após soltar tudo que está preso ao cabeçote, solte os parafusos do mesmo e retire-o.
Leve-o em uma retífica de motores e mande aplainar 0.8mm se for a álcool, e 1,2mm se for a gasolina. Feito isso, limpe-o bem para que não fique nenhuma limalha.

Montagem:
O procedimento de montagem dos componentes, é o inverso ao da montagem. O que se deve observar na montagem é quando for colocar a correia dentada na polia do comando, observe que a polia tem uma marca de um pontinho em sua parte interna, essa marca deve estar alinhada com a base da tampa de válvulas do lado direito. Retire a tampa de distribuição e verifique se o rotor está apontado para o cabo de velas do primeiro cilindro, se não tiver faça isso. Na janela do volante deve estar alinhado o ponto "OT", feito isso, encaixe a correia dentada na polia. Continue a montagem.

Regulagem:
Não precisa ser feito nenhuma modificação na carburação, apenas uma boa limpeza, e uma regulagem de mistura ar/combustível, alguns preparadores costumam modificar o avanço do segundo estágio que é a vácuo, para mecânico, eu particularmente não recomendo, pois o consumo aumenta muito e o rendimento não é diretamente proporcional ao consumo. Faça a regulagem de válvulas. Consulte sua tabela de ponto para ver qual é o ponto de seu motor, se for por exemplo 8 graus, aumente-o para 12 e saia para dar uma volta para testar, com velocidade baixa coloque uma quarta e pise no fundo do acelerador, se o motor fizer um barulho de batida de pino("trincar"), baixe um pouco o ponto, teste novamente até parar de trincar.

Pesquisar componentes

terça-feira, 6 de julho de 2010

Lições da Caserna – Jorge Motta*

"Quem se situa nunca se perde. Nem se surpreende”

Aprendi que “antes de tudo é preciso situar-se”. Nunca vi essa máxima escrita, nem ensinada, apenas falada, mas sempre ouvi dizer que é a mais preciosa das sabedorias da vida carioca. Onde estamos, quem manda, qual é a regra do jogo, como se entra, como se sai. Estou convencido de que não há sabedoria mais objetiva do que se orientar na ida do que permanentemente indagar – Quem? Como? Onde? Por quê? – como ensinou o grego Aristóteles.

No meio do surpreendente alvoroço e da tremenda surpresa da nomeação de Elmo Farias Serejo para governador de Brasília, e da minha convocação para ser seu homem de confiança na administração do Distrito Federal, jamais deixei de me situar. A realidade brasileira naquele instante – em março de 1974 – exigia atenção especial. Estávamos no auge do regime militar, saindo do governo Médici. A descontração ou “distensão”, expressão preferida pelo cientista político americano Samuel Huntington, só aconteceria a partir de 1977, em meados do governo Geisel. Mesmo assim, condicionada. A abertura deveria ser “lenta, gradual e segura”, ditou o próprio presidente que podia ditar, como demonstraria para a História, decretando o fim do AI-5 e do próprio regime militar. Ou seja, usando os próprios poderes absolutistas que o AI-5 lhe outorgava, Geisel decretou o fim desses poderes.

Um gesto que o consagrou e ao período da vida brasileira que tive a honra de participar, modestamente, num cargo de segundo escalão.

Mas em março de 1974, não dava para esquecer a dureza política do momento. Muito menos adiantava fantasiar. Seria iludir-se. Os militares haviam tomado o poder, estavam gostando, não pareciam disposto a abandoná-lo e, principalmente, por mais que se cercassem de tecnocratas e especialistas, não conseguiam perder suas características profissionais de disciplina, hierarquia, planejamento rígido. Aliás, com exceção do general Golbery e de poucos oficiais entre os muitos que assumiram responsabilidades civis, e que eram políticos extraordinários (muitos deles tinham mais sensibilidade política que os próprios políticos civis profissionais), a regra era os militares se desnaturarem ao afastar-se da caserna para assumir funções no serviço público. Renegavam justamente sua cultura profissional. É um paradoxo, mas eu compreendo, por ter enfrentado na prática o mesmo desafio: o exercício do poder civil não é fácil, nem para os civis.

Ou seja: quando negaram sua cultura militar para se comportar como políticos e civis, abandonaram instrumentos de organização com os quais já estavam familiarizados e perderam boas chances de promover mudanças e moralizações que pretendiam realizar no Estado brasileiro.

Entre os chamados instrumentos administrativos empregados no Exército brasileiro, no dia-a-dia dos quartéis – e que aprendi a utilizar no meu serviço militar, o Quadro de Trabalho Semanal (QTS), pode ser o mais singelo, mas é certamente de uma eficácia extraordinária, além da facilidade de ser por todos entendido. Levei-o do quartel para a vida civil e apliquei-o com êxito na primeira oportunidade que tive de assumir responsabilidades executivas na empresa privada. Considero-o a melhor aprendizagem do meu serviço militar obrigatório.

Tornar-se soldado não era uma escolha, mas um obstáculo que precisava transpor. Também não me revoltei, não me lastimei; pelo contrario, mergulhei de cabeça para tirar da minha passagem pela vida militar tudo o que poderia aprender.

Fui soldado e cabo do Exército na Vila Militar, em Deodoro, Rio de Janeiro. Servi no Segundo Regimento de Infantaria (2º RI), o glorioso Dois de Ouro, seu festejado cognome.

Fiz o curso de sargento justamente quando o primeiro batalhão do 2º RI (um regimento de infantaria era formado por três batalhões) estava sendo preparado para ser enviado à África do Norte e participar da Missão de Paz da ONU no Egito. O Batalhão Suez – como era chamada a tropa brasileira – era constituído 100% por voluntários, mas a seleção incentivava os melhores recrutas. Fui chamado e estimulado, ganhava-se em dólar e todo mundo fazia um pé-de-meia, mas descartei a oferta. Eu estava na tropa para cumprir o dever de cidadania, tinha pressa em iniciar minha vida civil plena e precisava do Certificado de Reservista, documento essencial para cair no mercado de trabalho. Poderia ter cursado o CPOR, Centro Preparatório de Oficiais da Reserva – aberto para quem possuía diploma de curso médio – e sairia aspirante, com chances de estagiar na tropa como oficial por até dois anos, ou mais, como aconteceu com alguns amigos. Mas eu não estava procurando um passatempo, eu queria dar adeus à adolescência, à disponibilidade de solteiro, começar a viver de verdade minha vida adulta, casar. Ora, o CPOR durava dois anos, enquanto como soldado na tropa, seriam apenas 12 meses.

A vida na caserna, sem dúvida, é dura – como demonstrou o poeta Alfred de Vigny, em Servidão e Grandeza Militares, no século XIX – mas o tempo passa mais rápido quando o soldado a enfrenta com seriedade, principalmente consciente de que é um período finito. Não queria me profissionalizar, a caserna não era a minha vocação. Mas cumpri meu serviço militar com dedicação. Fiz os cursos regimentais, fui promovido a cabo e minha boa classificação no curso de sargento premiou-me: meu nome foi incluído na primeira lista de desligamentos da tropa. Como eu desejava.

Sempre recordo os critérios para liberar os recrutas, especialmente os desesperados, como eu, que não viam a hora de retornar à vida civil. Ou, mais precisamente, iniciá-la, pois estávamos todos com 19 anos, começando a maioridade. Os primeiros reservistas a serem liberados – dispensados na “primeira baixa” – são os melhores. Quem for “zerado” – isto é, não tiver punição nas suas “alterações”, tem prioridade no desligamento da tropa. Experimentei a vantagem de haver cumprido a minha parte e pude desfrutar o prêmio.

Aliás, como eram transparentes e estáveis as regras do quartel! Tudo era previsível, e até as punições levavam em consideração atenuantes e agravantes que todos conheciam. Por isso, nunca entendi por que o regime militar de 1964 não aplicou esse princípio sábio – as regras do jogo são sempre cumpridas, jamais alteradas por circunstâncias e interesses pessoais – quando assumiu responsabilidades do governo civil.

Quase todos os militares no poder preferiram desprezar suas ferramentas profissionais, como esse singelo QTS, que aprendi com eles. Ouso dizer que até na repressão política fazia falta a boa doutrina da caserna, que não confunde disciplina com violência, rudeza com grosseria, firmeza com insolência. Pelo menos foi o que me ensinaram e vi ser praticado como regra no 2º RI, na Vila Militar. Naturalmente, com as exceções que o confirmavam.

Tive a impressão, naqueles dias de submissão do poder civil, que os militares vivem uma duplicidade perigosa na relação com o civis. Ou endurecem, tentando submeter irracionalmente a sociedade aos padrões espartanos da sua disciplina profissional e aí gera um clima de guerra, incompatível com a vida em tempo de paz. Ou se perdem, negando sua própria cultura. O mundo civil trata os militares com uma arrogância histórica, principalmente quando pressente formas de submetê-los, como fizeram com o romano Caio Júlio César. Mais ou menos o que os chamados tecnocratas fizeram com os chefes militares brasileiros no regime de 64.

Aquela altura, dispensado do Exército, tinha aprendido e trouxe comigo a técnica e a prática de planejamento das atividades rotineiras do quartel, que com adaptações naturais, tornaram-se o meu sistema pessoal de administrar. Foi justamente do Quadro de Trabalho Semanal (QTS), ferramenta da caserna, de que me vali decisivamente na Casa Civil do Governo do Distrito Federal.

Trata-se de um dos mais simples instrumentos para evitar o entorpecimento das rotinas, sem deixar de realizá-las. Não foi difícil transportá-lo para o ambiente do Palácio do Buriti. A partir do elementar QTS, tudo funcionava. Horários conhecidos, tarefas determinadas, agenda administrada com rigor, não antecipava nem precipitava nada. Com isso, criou-se uma grande margem de tranqüilidade tanto para o governador exercitar seu programa de construções que complementavam Brasília, como para todos os seus colaboradores tocarem suas tarefas administrativas.

...

Nosso QTS no Palácio do Buriti era definido às segundas-feiras. Tudo era mapeado, inclusive com a participação do cerimonial, secretaria particular e segurança. Por isso, raramente éramos surpreendidos por eventos, mesmo sem termos sido notificados. Graças ao QTS, todo mundo no gabinete sabia o que fazer, quando e como.

Essa metodologia de organização racional do trabalho também me qualificou para tratar com os militares quando precisei lidar com eles do outro lado do balcão, logo depois de deixar o 2º RI e bem antes de chegar ao Governo do Distrito Federal.

Foi mera coincidência, no meu primeiro emprego depois que deixei o Exército, ter justamente de tratar com militares. A Visor Editora e Publicidade, de propriedade de Benedabi Hassi Rocha Martins, editava as revistas da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e da Escola de Cadetes da Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, no Rio, que ainda não havia se transferido para Pirassununga, em São Paulo. Eram publicações anuais, verdadeiros álbuns com os registros das turmas que se formavam naquelas instituições de ensino militar.

A Visor tinha uma espécie de concessão para produzir aquelas revistas. Cuidávamos de tudo, da publicidade à impressão. Os comandos das duas escolas designavam cadetes para tratar das edições. Eles definiam o que desejavam publicar. Nós providenciávamos a revisão, paginação, papel e impressão, inclusive os patrocínios que cobriam as despesas. Ainda estávamos no tempo das máquinas impressoras planas, dos clichês, a pré-história das gráficas modernas e eletrônicas. Fazer uma revista luxuosa, em papel cuchê, não era fácil nem barato.

Era uma revista por ano, tanto no Exército, como na Aeronáutica. Circulavam por ocasião das formaturas dos cadetes, mas exigia uma operação de 12 meses. Os comandos se empenhavam, ajudavam nos contatos com os anunciantes. Os estabelecimentos militares não tinham verbas próprias para custear as revistas, que eram pagas com anúncios e patrocínios.

A chamada Declaração de Oficiais – a formatura anual das academias militares daquele tempo – se constituía em acontecimento nacional, com a presença do presidente da República e as atenções da sociedade. As revistas funcionavam como uma das mais apreciadas lembranças dos cadetes declarados aspirantes-a-oficial, no dia da formatura, quando eram lançadas e distribuídas.

Fiz muitos amigos na área militar. Quando me casei, em 1961, o comando da Escola de Cadetes da Aeronáutica formou uma comissão de três cadetes, com seus belos uniformes, para representá-la. Eles faziam parte da turma do 2º ano. Em 2005, passados 44 anos, encontrei-me em Brasília com o Tenente-Brigadeiro Astor Nina de Carvalho Neto, então chefe do Estado Maior da Aeronáutica e eu chefe do gabinete do Ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. Emocionei-me. O brigadeiro Astor, com suas quatro estrelas de oficial-general da Força Aérea, concluindo brilhante carreira na FAB, havia sido um dos cadetes que compareceram ao meu casamento.

* Jorge Motta tornou-se um dos mais competentes executivos do serviço público.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reflexões I




É corrente que para cada poder reconhecido, o ser humano proporciona leis que o regulem. Talvez se trate do senso comum, para o qual pouco importe o poder, se não há controle.

Seara e linguajar muito próprio e íntimo a aeronavegantes. Num esforço de subida, mesmo manete à frente, inclinação excessiva resulta em stol. Esse balance entre empuxo e atitude da aeronave expressa a característica de vôo de cada piloto. Em tempos de boa remessa de material, pilotos comerciais deixam de contabilizar seus pousos duros, resultando em desgaste notório. Nos dias de penumbra financeira das empresas, as listas de “comedores de pneu” correm frouxas nas estatísticas da companhia. O RH entra em ação, renovação de quadro.

Acontece em qualquer empresa, bobagem negá-lo no Estado brasileiro. Antes se tratasse de exagero literário! O valor contributivo de cada posição de trabalho, na estrutura do Estado, tem significados diferentes entre os próprios membros do governo. Somos, em divina essência, uma grande mistura de culturas muito próprias que formam a mentalidade administrativa do brasileiro.

Divertido pensar como aprendi nos livros de OSPB. Aprende-se, por exemplo, que o Serviço Militar Obrigatório não é uma obrigação, mas um privilégio. O privilégio de defender pessoalmente o território de seu próprio povo. Pensassem todos de modo único – integrado – teríamos uma realidade. Muitas culturas pagariam pelo benefício de operar pessoalmente os caças de sua nação. Isso materializa o desejo do voluntariado. Voar de graça.

Observar a forma como cada país defende seus cidadãos das mazelas locais costuma ser útil. Conhecer o espírito de corpo e seu efeito agregador nos permite lançar realização à sóbria e civilizada tranqüilidade, o espírito combatente permanece. Quase sempre latente. Medir o valor do esforço ou dedicação de cada integrante do Estado no interesse de atender sua sociedade muitas vezes é inconclusivo. Mesmo opiniões profissionais costumam mudar, de tempos em tempos. É a adaptação natural à situação, em que o novo costume predomina sobre o velho. Crê-se que a idéia se contraponha daí ao conceito de antiguidade. Na relação castrense há um bloqueio natural de comunicação. Chamo essa característica “comunicação de trânsito condicionado”.

Ato que se espera de qualquer indivíduo é o esforço mínimo em transpor as limitações legais e ter a ação imediata desejável de qualquer sentinela.
Qualquer voluntário, basta iniciativa. Essa idéia não contempla entretanto o processo orgânico corriqueiro pouco se pode fazer. Uma “Parte administrativa” de meu rank dificilmente avançaria ao conhecimento de outros grandes interessados: as cadeias de comando superiores. O avanço da informação fica condicionada à conveniência de sua cadeia de comando, a saber, qualquer superior hierárquico.

Se o superior não participar do mesmo ponto de vista, acabou-se a informação e o presente artigo.

Mas se a comunicação for desenvolvida de modo sistêmico, grandes resultados no objetivo comum são geralmente obtidos, aumentando a segurança de unidades contíguas à população civil. Na prática, sem a devida organização não enseja qualquer esforço para tal. Veredas legais desestimulam a iniciativa. Há assuntos prioritários, em diversos setores. Substituição de armamentos defasados, treinamento contínuo e extensivo à camada baixa da população, alimentação dos batalhões... uma infinidade de objetos burocráticos repetitivos.

Dificuldades que são transpostas com algum conhecimento pessoal. É onde entra a arte de cada um, o modo de lidar com situações, quer sejam administrativas ou operacionais, de modo a resolvê-las com maior presteza possível.

Uma carência detectável na cultura do obscurantismo do silêncio das comunicações é por conseqüência a virtual falência financeira à qual se submete o efetivo. A maior parte dos militares dedicados a atender setores estratégicos de benefícios indiretos para o país encontra-se em situação econômica excessivamente limitada. Não acumulam quaisquer rendimentos evidenciados, o que em caso de grandes reviravoltas do mercado significam a deterioração da qualidade de vida de sua família – e uma preocupação com reflexos operacionais óbvios.

Na aviação muito se observa e aprende. Um dos quesitos mais importantes nesse empreendimento moderno é a conectividade de soluções. A máxima de buscar auxílio externo, de Sun Tzu incentivou que fosse dividida a ação técnica sobre equipamentos de uso militar. O resultado foi a inversão de um processo: ao invés de adaptarmos tecnologias às enredadas funções militares, tentou-se adaptar décadas de legislação em programas.

Seja honesto consigo mesmo: é possível conceber qualquer tipo de mobilização com
tropas, sem comunicação de comando? Estará a rede de comunicação criptográfica preparada para o volume de comunicações decorrente dos estados de mobilização?
O ponto que diferencia um empreendimento sólido é real capacidade de assumir situações inesperadas. Isso advém de um prévio preparo.

O histórico de paz do brasileiro permite alguns luxos e desperdícios administrativos que teriam sérias conseqüências em caso de mobilização emergencial. Essa é uma constatação que não dá senso de crítica ou censura, trata-se de um fato com o qual o brasileiro médio, conforme amadurecendo seu conhecimento, preocupa-se. Um dos desperdícios aos quais me acostumei foi a contínua perda de capital intelectual em nossas fileiras.

Fazendo-me valer da lei 6.880, de 09 de dezembro de 1980 em seu artigo 37, poderia complementar a atividade, na instrução ou administração. Bastava levar o conhecimento histórico dos dispositivos administrativos aos quais era íntimo quando ainda era soldado. Havendo trabalhado no expediente durante alguns anos, tornei-me afeto a atos administrativos, compreendendo de forma natural sua formação e reflexos legais. Canseira.

Favorece-me até hoje ter participado de três cursos de formação militar e um de especialização de soldados, onde somam quatro cursos avaliados de regulamentos. Inclusive disciplinar e penal. Talvez por isso, tenha auferido êxito em concluir dezesseis anos de serviço com poucas detenções.

Na verdade, causa-me pouca comoção receber partes disciplinares. Acho curioso que na falta de enquadramento consistente, já tenha recebido punições questionáveis por ter trabalhado mal. Uma das mais marcantes foi alusiva ao plano de vôo de uma aeronave militar. A equipe inteira foi punida pelo serviço onde somente um operador poderia tê-lo errado!

Mas o termo por ter trabalhado mal influencia até hoje o entendimento de minhas alterações. Motivo pelo qual não há o menor esforço pessoal no sentido de ser transferido para qualquer outra Unidade. É característica muito comum ser mais eficiente na área onde se tem natural motivação. “Necessidade faz o sapo pular” diz o ditado que, decerto, não é vão.

Tenho necessidade quase patológica da sensação de catarse. Aquela sensação de alívio que se tem a cada etapa vencida. O êxito em qualquer atividade é o verdadeiro tonificante para o esforço realizado. Catarse é a satisfação da realização. Algo como: você se priva da liberdade para trabalhar, e o trabalho lhe advém a catarse de recursos financeiros. Era para ser só isso e suficiente. O ser humano busca mais.

É diferente da adrenalina. A adrenalina sugere um estado de excitação perceptiva. Quem se habitua a viver sob os efeitos sensoriais do MotoCross, por exemplo, tem necessidade de vivenciar situações mais arriscadas. Traz-me catarse poder depurar eventualmente minhas próprias experiências, buscando o aprendizado de qualquer situação, positiva e negativa. Minha experiência com o sabre alado conduziu-me exatamente para a seção onde comecei minha especialização.

A percepção de riqueza ou pobreza, valor ou irrelevância de cada situação varia para cada um. Os acontecimentos de um dia, um ano, ou uma vida inteira pode estar mais vividamente na consciência para alguma pessoas, e outras não. Consciência é o que discerne o indivíduo responsável, o desejável para desempenhar papéis ou atividades em que devam ser realmente capazes de agir. Pode-se afirmar, desse modo, que o que se espera de um bombeiro é a máxima eficiência humana em combater incêndios. É o que presume a vasta documentação que rege seu funcionamento. Quanto ao policial, o que se espera é que policiem a vizinhança. Não que tornem um inferno a vida de quem trabalha com atividades mais complexas que a de multar apressadinhos. No universo dos apressados, há muita gente realmente ocupada, mesmo que não pareça.

Gente como o Otto. Otto era um cara quietão, do tipo que entra mudo e sai calado. Mas era um cara que prestava atenção e não dava trabalho. Era terceiro sargento e eu, soldado, imaginava a moral, traduzida em conhecimento profissional, do futuro Suboficial Otto.

Enquanto terminava de protocolar os radiogramas, percrutava impressões. Por ser quieto e consciente, provavelmente percebia o modo imprudente como viviam seus convivas. Havia os que vibravam com quaisquer bobagens que instalássemos. Havia também os que nunca estavam satisfeitos. Otto parecia não pertencer a um grupo, nem a outro. Era, decerto, um dos mais discretos militares que conheci.

Hoje, estou confuso se ele trabalhava na V-26, ou não. Lembro-me dele trabalhando para o Centro Operacional Integrado. Defesa Aérea. Foi um dos últimos voluntários que apresentavam algum grau de determinação em servir característico dos soldados.
Eu via aquelas três divisas e sabia exatamente o grau de pressão a que era submetido. Quando chegou da escola de formação era seco como um soldado alemão. Conduta interessante.

E adquiriu com o tempo a tranquilidade de quem é capaz. Confiava de tal forma na capacidade de seus colegas que não se eximia de fazer uso de seu próprio trabalho. Morreu no objeto de seu empreendimento, no vôo 1907 da Gol.