Washington diz que serão necessárias semanas para determinar estrago causado por vazamento de 92 mil documentos sobre Afeganistão
O governo americano disse nesta segunda-feira que podem levar semanas até que seja possível determinar o estrago causado pelo vazamento de cerca de 92 mil documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão. Segundo um porta-voz do Pentágono, coronel Dave Lapan, o processo de avaliação dos documentos vazados ainda está no início.
"Vimos apenas uma parte dos documentos", disse Lapan. "Até que vejamos todos, não
podemos saber qual a extensão do estrago." "Vamos tentar determinar o potencial dano às vidas dos nossos membros e parceiros de coalizão, se (os documentos) revelam fontes em métodos e qualquer dano à segurança nacional", afirmou o coronel.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que desde o fim da semana passado o presidente Barack Obama havia sido avisado de que informações secretas seriam divulgadas pela imprensa, e o vazamento vinha sendo investigado desde então.
Documentos
O vazamento é considerado um dos maiores na história americana. Os documentos cobrem o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009 e foram vazados pelo site Wikileaks e publicados na imprensa internacional - pelo diário americano The New York Times, o britânico The Guardian e a revista alemã Der Spiegel.
Segundo Lapan, até o momento o Pentágono se concentra nas informações tornadas públicas, e não na fonte do vazamento, mas que diversos funcionários militares e civis do Departamento de Defesa têm acesso aos documentos vazados.
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O coronel disse que a maior parte dos documentos revisados até o momento são secretos, mas não "top secret", classificação reservada a informações mais sensíveis. Os documentos vazados trazem informações sobre mortes de civis causadas por forças americanas e acusações de que serviços de inteligência do Paquistão teriam apoiado militantes do grupo extremista Taleban no Afeganistão - alegação negada pelo governo paquistanês.
Infração
Segundo a Casa Branca, o vazamento é uma infração da lei federal e pode prejudicar as forças americanas. "Além de ser contra a lei, (o vazamento) tem o potencial de ser muito prejudicial àqueles que integram nossas Forças Armadas, àqueles que cooperam com nossos militares e àqueles que estão trabalhando para nos manter seguros", disse Gibbs.
O porta-voz da Casa Branca disse também que as informações contidas nos documentos - que são anteriores à nova estratégia de Obama para o Afeganistão, com aumento de recursos e tropas - já haviam sido discutidas publicamente.
"Baseado no que vimos, não acho que o que está sendo divulgado não tenha sido discutido publicamente de várias maneiras, seja por vocês (jornalistas) ou por membros do governo", afirmou. "Certamente já sabíamos sobre refúgios (do Taleban) no Paquistão. Temos nos preocupado com mortes de civis (no Afeganistão) há um bom tempo. E, em ambos os aspectos, já tomamos providências para melhorar", disse Gibbs.
No entanto, segundo Gibbs, mesmo sem fazer novas revelações, o vazamento pode ser prejudicial à medida que divulga nomes, fontes, operações e logística. "Se alguém está cooperando com o governo federal e seu nome é listado em um relatório, não acho que seja um exagero acreditar que isso pode colocar um grupo ou um indivíduo em grande risco pessoal", afirmou.
terça-feira, 27 de julho de 2010
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