terça-feira, 27 de julho de 2010

Isto e Aquilo II

Muito me admira quem escreve bem. Uma boa redação exprime capacidade de comunicação. Em todos os setores da vida humana, é notável a habilidade de influenciar, reunir gente competente e capacitada às missões de nosso cotidiano. “Seu” Ramon tem certa desenvoltura. Possível que passasse na prova da Especialista. Talvez tivesse alguma dificuldade em função de fugir da realidade. Coerência faz parte da prova.
Foi possível ler, há algum tempo, que a propalada (e virtualmente inexistente) crise aérea consistia no resultado da idiossincrasia, da maneira de ver e reagir própria de cada pessoa. Reconhecer tal fato é um grande avanço, sem dúvida. Mas irrelevante.
O tempo, chave para o futuro, ratifica ou nega afirmações. E vem ratificando diariamente o conhecimento de todos, ainda em suas competências e capacidades, na solução de problemas. Inclusive problemas próprios de cada um. Problemas idiossincráticos.
Há de se concordar também, no afirmado pelo “futurista” Ramon, que na Força todos sabem o que fazer, e em que momento fazer. Nossas atribuições são claras, e o objetivo do Estado Brasileiro não requer grandes interpretações. É gratificante observar que realmente estamos aos poucos esclarecendo a realidade.
Mas a realidade contém elementos de idiossincrasia. A realidade vivenciada por cada círculo em que se divide nossa comunidade não é idêntica a não ser a cada manhã, quando gente que busca apoiar o valor comum se reúne às voltas de bandeiras e procura desenvolver um ambiente de crescimento coletivo.
Muito se escreve, nos meios de comunicação oficial e oficializados, em menção à realidade e feitos de gente relevante para a aviação. O exemplo de cada um muito diz a respeito da formação de nossa sociedade, da contribuição de cada um para o chamamos de Sistema.
E se há comprometimento com o futuro, bem como há responsabilidades firmadas com a aviação internacional, crê-se também que ações devam ser tomadas de imediato. Se a intenção é que haja resultados em cinco ou dez anos, convida-se que se aprecie a necessidade de fazê-lo em tempo ainda menor.
Isso porque constitui responsabilidade para cada integrante do SISCEAB, do Comando da Aeronáutica e quaisquer outros setores envolvidos do Estado a condução segura e regular em nosso espaço aéreo soberano.
Para a consecução desse objetivo faz-se necessário dispor de cada profissional, sem distinção de especialidade. Compondo partes de um complexo, mas compreensível sistema que apóia a condução segura de vidas humanas. A certeza de que a condução segura pretere mesmo a regularidade é representada na página 26 da edição nº29 de Aeroespaço. Decisão operacional que em tempos anteriores seria classificada negativamente por “operação padrão” foi reconhecida como profissionalismo.

Estranho. Com tantas realizações, tanto trabalho e planejamento, tanto motivo de orgulho por trabalho (finalmente) e empenho para que aumentem às pressas os graus de eficiência, o que vejo ainda apresenta-se eventualmente diferente do que leio. E vice-versa.
Percebo muitas vezes o efetivo desmotivado, e muita gente fazendo uso pouco criterioso dos investimentos do Estado, inclusive pessoal. Gente que age diferente do que fui ensinado. Gente que posso combater com a facilidade de recolher um fio de cabelo, com diria Sun Tzu.
Há coisas que não saem nas revistas oficiais. Há gente que se esforça todos os dias no cumprimento de suas obrigações. Esses não são sequer conhecidos, quem dirá reconhecidos. Para esses, não há necessidade de estrelismo, de aumentar o ibope por seus feitos. De soldados a oficiais generais, muitos homens têm perdido discreta e silenciosamente sua satisfação em trabalhar. Ouso crer que falta algo.
Organização Social e Política Brasileira. Matéria simples, ministrada durante algum tempo nas escolas públicas de Brasília. Contemporâneos do final da década de 80 foram permeados de objetivos nacionais por matéria colegial.
Por isso alguns – ao menos os que se lembram – destacam-se em nossos meios. Muitos recebem a alcunha de alterados, ou revolucionários.
São, idiossincrasias à parte, inconformados.
Essência do Brasil que reage. Um Brasil que luta com unhas e dentes para fazer valer a fé depositada em nossas fileiras.

EUA avaliam danos causados por vazamento de documentos secretos

Washington diz que serão necessárias semanas para determinar estrago causado por vazamento de 92 mil documentos sobre Afeganistão

O governo americano disse nesta segunda-feira que podem levar semanas até que seja possível determinar o estrago causado pelo vazamento de cerca de 92 mil documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão. Segundo um porta-voz do Pentágono, coronel Dave Lapan, o processo de avaliação dos documentos vazados ainda está no início.

"Vimos apenas uma parte dos documentos", disse Lapan. "Até que vejamos todos, não
podemos saber qual a extensão do estrago." "Vamos tentar determinar o potencial dano às vidas dos nossos membros e parceiros de coalizão, se (os documentos) revelam fontes em métodos e qualquer dano à segurança nacional", afirmou o coronel.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que desde o fim da semana passado o presidente Barack Obama havia sido avisado de que informações secretas seriam divulgadas pela imprensa, e o vazamento vinha sendo investigado desde então.

Documentos

O vazamento é considerado um dos maiores na história americana. Os documentos cobrem o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2009 e foram vazados pelo site Wikileaks e publicados na imprensa internacional - pelo diário americano The New York Times, o britânico The Guardian e a revista alemã Der Spiegel.
Segundo Lapan, até o momento o Pentágono se concentra nas informações tornadas públicas, e não na fonte do vazamento, mas que diversos funcionários militares e civis do Departamento de Defesa têm acesso aos documentos vazados.
Leia também:

• Wikileaks: Há indícios de 'crimes de guerra' no Afeganistão
• Site vaza dossiê militar secreto dos EUA sobre o Afeganistão
• Líder afegão quer que dossiê alerte sobre guerra no país
• Wikileaks defende veracidade dos relatórios
• EUA criticam divulgação de documentos
• Pontos dos relatórios vazados pelo Wikileaks
• Wikileaks diz já ter vazado mais de um milhão de documentos

O coronel disse que a maior parte dos documentos revisados até o momento são secretos, mas não "top secret", classificação reservada a informações mais sensíveis. Os documentos vazados trazem informações sobre mortes de civis causadas por forças americanas e acusações de que serviços de inteligência do Paquistão teriam apoiado militantes do grupo extremista Taleban no Afeganistão - alegação negada pelo governo paquistanês.

Infração

Segundo a Casa Branca, o vazamento é uma infração da lei federal e pode prejudicar as forças americanas. "Além de ser contra a lei, (o vazamento) tem o potencial de ser muito prejudicial àqueles que integram nossas Forças Armadas, àqueles que cooperam com nossos militares e àqueles que estão trabalhando para nos manter seguros", disse Gibbs.

O porta-voz da Casa Branca disse também que as informações contidas nos documentos - que são anteriores à nova estratégia de Obama para o Afeganistão, com aumento de recursos e tropas - já haviam sido discutidas publicamente.

"Baseado no que vimos, não acho que o que está sendo divulgado não tenha sido discutido publicamente de várias maneiras, seja por vocês (jornalistas) ou por membros do governo", afirmou. "Certamente já sabíamos sobre refúgios (do Taleban) no Paquistão. Temos nos preocupado com mortes de civis (no Afeganistão) há um bom tempo. E, em ambos os aspectos, já tomamos providências para melhorar", disse Gibbs.
No entanto, segundo Gibbs, mesmo sem fazer novas revelações, o vazamento pode ser prejudicial à medida que divulga nomes, fontes, operações e logística. "Se alguém está cooperando com o governo federal e seu nome é listado em um relatório, não acho que seja um exagero acreditar que isso pode colocar um grupo ou um indivíduo em grande risco pessoal", afirmou.

sábado, 24 de julho de 2010

Assessoria Social

A AISEUGUARDA (Assessoria Informal do Serviço Unificado de Guarda), muy respeitosamente, apresenta o caso, no interesse do cliente:

O cliente, filho de um popular, foi depositado à responsabilidade da União Federal para cumprir uma atividade cívica. Contava o cliente com a perspectiva de cumprir quatro anos de serviço para a nação e é bem conceituado entre os demais militares. Transitava com o uniforme em desalinho em decorrência de motivo de força maior: seu cabelo recém cortado não sustentava a cobertura sob vento forte, causando cenas embarçosas. Por motivo de força maior e no estrito interesse de preservar a peça do uniforme de sujar-se em contato com o chão, depositou-a com segurança no bolso.

Ao ser avistado por um militar que não se identificou, foi admoestado a apresentar-se e entregar sua cédula de identidade, no que foi de pronto atendido. Perguntado sobre o motivo pelo qual encontrava-se naquela situação, teve por resposta a verdade, e ao devolver a identidade, exasperou que sumisse de sua frente.

Queixa-se meu cliente de que não transitava, mas deslocava-se ao serviço. Ainda faltavam centenas de metros até o destino e encontrava-se pontual até o momento. Que ao ser abordado prestou a continência regulamentar e que não foi saudado convenientemente, nem foi recíproca a apresentação. Que se tivesse duas coberturas, teria emprestado alguma ao ocupante da viatura. Que não seria possível percebe as condições climáticas externas a um veículo oficial fechado, cuja janela se abriu menos da metade, de vento forte durante todo o período, conforme informações oficiais do Banco de Informações Meteorológicas da Unidade para a qual o cliente trabalha. Queixa-se o cliente de inverdades descritas a seu respeito, realizados por suposto militar fardado, que deixou de identificar-se oportunamente. Que ao se retirar, concordando com a orientação emanada do desconhecido, cumpria um acordo. De continuar seu deslocamento para o local de serviço.

Queixa-se, portanto, ter sido humilhado por um desconhecido, unicamente.

Certo da apreciação, solicito a confirmação, junto ao motorista da viatura em questão, a identidade do real ocupamente do veículo para melhor apreciação do caso.

Certo da apreciação do caso fortuito elencado, restituo-vos. Datado e assinado por meu cliente. Favor desconsiderar a grafia tremida.

Soldado Glauber

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Segurança Social

O fato de minha carteira ter desaparecido em ambiente de trabalho suscitou a utilizãção de conhecimentos específicos. Estudo de estratégias que desenvolvo há algum tempo, e culminaram em três operações distintas:

Operação "Ratos ao Mar" - ações em defesa da transparência administrativa.
Operação "Quem sois" - ações em defesa da segurança de instalações;
Operação "Seis Sigma" - essa é de cunho pessoal.

Portanto, se me dão licença, vou mostrar para o Brasil inteiro o que um soldado treinado é capaz de fazer. Com tamanha segurança, que é possível dar-se ao luxo de registrar quase indiscretamente o que qualquer cidadão pode fazer para desestimular a corrupção.

Quando um soldado fica puto e resolve agir, mesmo um terrorista tem medo de ter de prestar contas.

vou dar o papo:

Enquanto aprendia uma série de matérias importantes perdidas entre as obsoletas, sabia que algum dia haveria de adquirir a liberdade de atividades tipicamente militares. Sabia que algum dia minha especialidade poderia ser “dizimada” por burrice. Ou seja: porque as pessoas não sabem o que fazer com um especialista em comunicações. Principalmente aeronáuticas.
É que o especialista BCO que trabalha mensagens administrativas fica um cara super perigoso. Entende de tudo quanto é assunto e sabe o que fazer para resolver problemas. Por isso tem autoridade disputando a canetadas esse instável recurso. Não existe um “comunicações” autômato. Todos têm perfil psicológico de mentes engenhosas. A gente é “pago” para ser um pouquinho mais safo que os outros.
O especialista BCO que trabalha mensagens aeronáuticas é um processador em tempo real. O tempo inteiro atento às necessidades de “complementar” essa baderna de redes que os civis construíram. Com toda tecnologia disponível para dispor de redes diversas, muitas vezes o que sobra como meio de comunicação são os velhos e subestimados HF. Quando o Centro Brasília “apagou”, para mim não importa o que ninguém pense quanto ao que aconteceu. Foda-se quem fique discutindo por aí se tem gente boa ou ruim trabalhando com aviação. Quem não trabalha no prédio que se foda.
Porque sou testemunha do esforço de um efetivo muito bom, que vistas às dificuldades procura vencer, dia a dia, a construção de um sonho que muitas vezes ninguém mais se lembra. Graças à estupidez de um ou outro cidadão mal educado.
Porque cidadão educado que soubesse o risco que se corre quando tenta afanar um computador em um quartel está testando o sistema. E o sistema chega lá. Normalmente tarde, mas chega.
A pior coisa que pode acontecer com alguém no quartel não é ser encontrado sem cobertura a caminho da responsabilidade. Aconteceu com um amigo. Foi pego sem “bibico” a caminho do quartel por um “duas estrelas”. O garoto me procurou visivelmente abalado, como se tivesse sido a pior coisa no mundo a acontecer.
Sendo honesto, para um soldado significa o fim de seu serviço.
Quando percebemos os detalhes cômicos, rimos um pouquinho e eu disse que se o “duas estrelas” soubesse o quanto o quartel precisa de cada soldado, não agiria como um sargento. Um sargento parar o veículo para dar esporro em um soldado é compreensível. Sargentos têm todo o tempo do mundo, não respondem pelo quartel. Gente da “decisão”, quando está realmente envolvido com o trabalho não tem tempo de parar o veículo e se divertir com o pânico de um soldado.
Ainda vou reencontrar o soldado. E vou orientá-lo a compreender que a pior coisa do mundo não é estar com o uniforme em desalinho por fatores adversos à sua vontade (inclusive o vento, que causa cenas ridículas eventualmente quando carregam a cobertura vários metros, rolando na terra). Ou então quando se é pego levando o computador da seção para casa para manutenção e é acusado de furto.
A pior coisa do mundo é quando algum desavisado surrupia algo de alguém “pior” que qualquer autoridade. Autoridades têm dificuldades em conversar livremente com o público, são muito importunadas com situações decorrentes da lida. Por isso têm dificuldades de obter “precisão” nas informações.
Mesmo um militar comum tem a vantagem da acessibilidade natural. Sendo direto: as pessoas vêm naturalmente a qualquer sargento que saiba ser educado, sorrir e oferecer naturalmente a mão para aperto. Essa é a maior fonte do sargento: ele é capaz de “conceder” sua atenção com muito menos constrangimento.
Então, quando perdi a carteira, a pior coisa que poderia acontecer com quem fosse pego surrupiando a foto de minha filha da carteira, era eu pegar o indivíduo. Não importa 350 reais em dinheiro, economizado para comprar um cabeçote. Importa pessoalmente a foto de minha filha.
E importa profissionalmente minha identidade, logo faço uso do tempo que dedico neste momento a registrar que se minha identidade não reaparecesse, eu iria atrás do “azarado”.
Então, pela gratidão da devolução da identidade, pegarei leve.
Mas em situação normal, pelo desgaste da situação, meu procedimento normal é fazer valer a segurança de meu quartel, e o camarada tava fodido. Estudo tanto o combate à corrupção passiva, quanto as ações contra a segurança das instalações. Nossos pertences encontram-se “dentro” dessas instalações.
Logo, a partir do próximo serviço armado vou demonstrar gratuitamente o que é possível fazer para garantir que ninguém mais tenha coragem de roubar algo dentro de meu quartel. E vou fazer isso sem punir ninguém. Uma espécie de resposta a um ou outro imbecil que acredita que o grande lance é punir e não é capaz de criar dispositivos mais eficazes.
Meu dispositivo mais eficaz é a comunicação. Informe às pessoas o que acontece quando alguém é pego por gente determinada, e elas vão evitar mesmo cruzar contigo no corredor. E você diminuirá seus problemas de segurança.
Vou dar uma dica do que “apurei” durante alguns minutos:
“Na prevenção geral o fim intimidativo da pena dirige-se a todos os destinatários da norma penal, visando a impedir que os membros da sociedade pratiquem crimes. Na prevenção especial a pena visa o autor do delito, retirando-o do meio social, impedindo-o de delinqüir e procurando corrigi-lo”.
Noutras palavras, na prevenção geral a pena atua psiquicamente sobre a generalidade dos membros da comunidade, afastando-os da prática de crimes através de ameaça penal determinada pela lei, da aplicação das penas e da sua efetiva execução. Funciona como uma coação psicológica, uma intimidação. Na prevenção especial, por sua vez, a pena atua preventivamente sobre o delinqüente, a fim de evitar que, futuramente, ele cometa novos crimes. Na verdade, o que há na prevenção especial é a prevenção da reincidência.
De notar-se, também, que o objetivo da política criminal não se esgota apenas na infração penal, vai além. Para a prevenção da criminalidade, a política criminal atua em todas as áreas – políticas, sociais, culturais, econômicas – visando sempre impedir a prática de crimes.
Dentre as providências para fins de prevenir a criminalidade, encontra-se a produção de leis, justas e humanas, adequadas com a realidade social e às necessidades do momento. Dessa forma, quem faz a política criminal acontecer é o legislador, tipificando crimes e estabelecendo as respectivas penas. E foi isto que tentou fazer o legislador ordinário ao criar a Lei dos Crimes Hediondos: criou uma lei a fim de atender as necessidades do momento, mas, com penas excessivamente rigorosas, portanto, inadequada à realidade e desumanas
• Prevenção do delito
A constante busca de um ideal, seja moral, religioso, político ou social, tem caracterizado sempre a aventura humana. Essa permanente indagação deu origem a determinadas crenças, algumas das quais, pelo seu caráter perene e pela distância as separa da realidade observável, têm-se transformado às vezes em mitos de grande importância. Esses mitos dominam numerosos aspectos da vida social, sendo especialmente abundantes no setor da justiça penal. Um deles é o da prevenção da delinqüência.
Existe um consenso generalizado em considerar que a prevenção do delito constitui um objetivo importante do sistema penal. Afirma-se com freqüência que é melhor prevenir o crime do que reprimi-lo. De forma mais concreta, quase todos os especialistas na matéria estimam que a prevenção do delito representa, senão a principal função, pelo menos uma das funções mais importantes e tradicionais da polícia.
Apesar de certos filósofos terem abordado esse tema há muito tempo e dado ainda que diversas instituições jurídicas parecem ter respondido a idênticas inquietações, a preocupação com a prevenção do delito é uma tendência atual. O direito clássico não poderia acolhe-la na medida em que o legislador, para efeitos da sanção penal, pretendia da injúria feita contra a lei ou simplesmente a dor do dano causado pela infração. A noção moderna de prevenção aparece timidamente com a escola clássica, segundo a qual a pena exerce uma importante função de intimidação geral, mas tem a sua verdadeira origem na escola positiva de finais do século XIX.
Entre as principais razões que colocaram em evidência a necessidade de novos enfoques em relação à prevenção, devem ser mencionadas as seguintes:
1) o aumento da delinqüência grave e o aparecimento de novas formas de criminalidade;
2) as repercussões do delito na sociedade (lesões, perdas econômicas, impacto emocional, efeitos desfavoráveis sobre a qualidade de vida, etc) e, em particular,em determinados grupos (pessoas idosas, deficientes físicos, mulheres, crianças, etc.);
3) o sentimento de insegurança cada vez maior dos cidadãos e suas conseqüências (inibição, desconfiança, angustia, solicitação de medidas repressivas, mudanças nas condutas normais, organização de sistemas coletivos de proteção, utilização com fins políticos ou partidários do sentimento de medo do crime, etc.);
4) os custos cada vez mais elevados do conjunto do sistema penal e, em particular, dos serviços policiais, assim como os custos indiretos do delito (sistemas de segurança, seguros, etc.);
5) a baixa percentagem de solução do delito;
6) a pouca participação do público no funcionamento da justiça penal e a insatisfação generalizada da população em relação ao conjunto do sistema penal;
7) a ausência de parâmetros para a articulação de uma política criminal moderna e progressista.
Com relação à prevenção, as principais carências são:
1) a imprecisão e inadequação do significado desse termo;
2) por um lado, a falta de informação e de conhecimentos nesse setor e, por outro lado, e, paradoxalmente, a proliferação de programas;
3) a ausência de continuidade nas ações empreendidas;
4) a falta de coordenação entre os órgãos que se ocupam da prevenção e a carência de responsabilidades precisas desses órgãos;
5) o pouco apoio profissional e material necessário para uma ação eficaz nesse setor;
6) a relativa ausência de participação da comunidade na prevenção do delito.
Finalmente, no que tange à prevenção policial, devem ser assinaladas as seguintes lacunas:
1) a existência de diversas concepções sobre o que deve ser a sua ação preventiva;
2) uma certa confusão sobre os objetivos da polícia (prevenção, repressão, detecção do delito, etc.);
3) a existência de poucos policiais que receberam uma formação suficiente sobre as técnicas e os métodos preventivos;
4) muitos programas mal concebidos ou mal aplicados;
5) são poucos os recursos humanos e materiais destinados à prevenção;
6) são também raras as avaliações sobre os programas desse tipo colocados em pratica pela polícia;
7) alguns deles não se prestam a uma fácil avaliação.
• Nova Política Criminal
A Política Criminal Alternativa ou Nova Criminologia passa a ver o crime de dentro para fora, sem uma normatividade pré-existente, como na criminologia positivista (etiológica-explicativa). As teorias de reação social, o Labeling Approach ( interaccionismo simbólico), a Etonometodologia e Criminologia Crítica (ou radical)- que são os movimentos de maior destaque- têm em comum uma análise do fenômeno em si, sem ater-se exclusivamente ao delinqüente, como é típico do positivismo. Fazem o caminho inverso de Ferri, que proclamava o delinqüente como "o protagonista da justiça penal" .
Não se busca analisar, na prática a teoria criminológica, o "crime" ou "criminoso", mas "dirige-se ao próprio sistema de controle como conjunto articulado de instâncias de produção normativa e de audiências de reação.
• Movimentos de Política Criminal No Brasil
Alguns das propostas dos movimentos de política criminal merecem ser analisados a nível de Brasil. Por certo, nossos legisladores têm acolhido diversas idéias das mais variadas correntes na criação das leis. Também não estão isentos desta influência a doutrina nacional e as cortes de justiça.
Atualmente, a política criminal brasileira se debate com o tema dos cárceres superlotados, as suas rebeliões, os altos índices de criminalidade urbana; enfim, temores para o "homem de bem". E surge aquela questão : como resolver isto??? Qual a melhor política a se adotar??
Nosso histórico quando nos sentimos acuado ante crimes bárbaros ou que pareçam nos ameaçar não é dos melhores. O legislador pátrio tem oscilado na aplicação de leis típicas do law and order, misturando-as com medidas liberais (formalmente) como as penas alternativas.
Inexiste um sistema coerente no Brasil, as políticas criminais se misturam, de acordo, com os anseios da opinião pública - que é maleável por demais. Nota-se que o Brasil enfrenta até hoje o seguinte problema: um sistema desigual, onde as elites fazem as leis e as políticas que lhes convém.
Este problema estrutural se nota em algumas variantes da lei penal brasileira, pois, os crimes comuns (furto, roubo, estupro, homicídio) têm uma pena-base alta, em comparação aos delitos de "colarinho branco". Outrossim, estes são crimes que sempre tendem a findar pela prescrição. Coincidência ou não, as prevenções (melhor, repressões) sempre se pautam para este tipo de criminalidade, a mais comum.
O tratamento destinado ao preso é um dos pontos de mais retrocesso na lei criminal, ainda persistindo elementos etiológico-explicativos -principalmente na execução. Afora as questões formais da lei, a maneira como a Polícia Judiciária conduz o inquérito, as condições sub-humanas das delegacias e prisões públicas já trazem implícito a estigma, que mais adiante a sociedade lhe outorga, tirando qualquer chance de retorno à vida em sociedade.
Uma maior integração do sistema penal ao sistema social fará com que se possa vislumbrar que prender e condenar não trará a "paz social" que se deseja obter.


PAPO RETO: ESTOU TRABALHANDO, MESMO QUANDO PAREÇO NÃO PRESTAR ATENÇÃO. JÁ FIZ CHEGAR AO CONHECIMENTO DO BRASIL INTEIRO QUE SE EU PEGAR GENTE DANDO PREJUÍZO AO SERVIÇO EM COISAS SÉRIAS, VOU FODER O CARA. PODE SER LADRÃO, PODE SER POLÍTICO, PODE SER POLICIAL, PODE SER MESMO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. ESTOU AVISANDO PARA O BRASIL INTEIRO: JÁ ENTUBEI PREJUÍZOS DEMAIS, E SEI USAR PERFEITAMENTE O CÓDIGO PENAL, CÓDIGO CIVIL, REGULAMENTOS E AUTORIDADE DE COMANDANTE DA GUARDA. PIOR QUE UM PICA GROSSA QUE MANDA PRENDER, É O SOLDADO ANÔNIMO QUE PEGA LÁ FORA. SOU PAGO PARA SER UM ADVERSÁRIO INDESEJÁVEL, E HOJE SOU O QUE SOU. E SE FODA QUEM AINDA NÃO ME CONHECE.

Isso é só o começo. ESPERA EU ESTAR DE COMANDANTE DA GUARDA DE NOVO...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

MCI - Motores de Combustão Interna

Motores AP ( Preparações)

Receitas de Preparação de Motores AP VW

As informações abaixo citadas são de inteira responsabilidade de quem for executar o serviço, pois são uma referência para melhorar a performance de um motor de combustão, se você não tem nenhum conhecimento em mecânica, pare por aqui, ou procure alguém que tenha conhecimento do mesmo. As receitas de veneno são direcionadas totalmente a motores da linha volkswagen, se você possui outra marca, não me leve a mal, mas se você quer potência, rendimento e durabilidade, o motor tem que ser um Volks, da linha AP (Alta Performance).

Para preparar um motor é necessário além de um prévio conhecimento, também uma série de ferramentas, um jogo de tabelas de torque, ponto, velas, não pense que com uma chave de fenda, um alicate e um martelo você já está apto a começar ! Então comece o investimento em uma caixa de ferramentas completa, pois não existe coisa pior que quando estiver na metade do serviço faltar aquela chave. E não pense que vai usar essas ferramentas apenas para fazer o serviço e pronto, pois quando se trata de preparação de motores, você terá que carregar essa caixa no porta-malas, pois a qualquer momento pode aparecer um problema e você como um bom preparador terá que por a "mão na massa" esteja onde estiver...Digo tudo isso, pois um motor preparado está suscetível a incomodar a qualquer momento, se você usa o carro para viagens, prepare-se para um dia ficar na estrada !!!

Veneno Leve

Introdução:
Esta é uma opção para você que quer aumentar um pouco o rendimento de seu carro sem modificar a estabilidade original do motor(ou seja, o carro vai ficar com a marcha lenta normal). É aplicado à motores AP1600, 1800,2000.

Peças necessárias:
1. Um comando de válvulas 049G (mais conhecido como comando "S").
2. Um jogo de juntas p/ tampa de válvulas.
3. Uma junta de cabeçote.
4. Um jogo de velas mais frias que as originais.
5. Uma junta do coletor de admissão.
6. Juntas do coletor de escape.

Mão-de-obra:

Desmontagem:
Comece retirando a tampa da correia dentada, a seguir retire a tampa de válvulas, retire o comando com sua polia, retire a polia do comando usando uma morsa de bancada. Substitua o comando de válvulas original pelo 049G, esse comando é encontrado em qualquer concessionária volks, ele equipa os motores 1.8S do Gol GT e GTS, esse comando é o mais bravo da linha, e pode ser instalado em qualquer motor AP. Monte a polia no novo comando, recoloque-o no seu lugar, os parafusos dos mancais do comando devem ser apertados usando um torquímetro. Agora solte os parafusos que prendem o coletor de admissão, retire-o, solte os parafusos do coletor de escape, retire-o, solte todas as mangueiras que são presas ao cabeçote, após soltar tudo que está preso ao cabeçote, solte os parafusos do mesmo e retire-o.
Leve-o em uma retífica de motores e mande aplainar 0.8mm se for a álcool, e 1,2mm se for a gasolina. Feito isso, limpe-o bem para que não fique nenhuma limalha.

Montagem:
O procedimento de montagem dos componentes, é o inverso ao da montagem. O que se deve observar na montagem é quando for colocar a correia dentada na polia do comando, observe que a polia tem uma marca de um pontinho em sua parte interna, essa marca deve estar alinhada com a base da tampa de válvulas do lado direito. Retire a tampa de distribuição e verifique se o rotor está apontado para o cabo de velas do primeiro cilindro, se não tiver faça isso. Na janela do volante deve estar alinhado o ponto "OT", feito isso, encaixe a correia dentada na polia. Continue a montagem.

Regulagem:
Não precisa ser feito nenhuma modificação na carburação, apenas uma boa limpeza, e uma regulagem de mistura ar/combustível, alguns preparadores costumam modificar o avanço do segundo estágio que é a vácuo, para mecânico, eu particularmente não recomendo, pois o consumo aumenta muito e o rendimento não é diretamente proporcional ao consumo. Faça a regulagem de válvulas. Consulte sua tabela de ponto para ver qual é o ponto de seu motor, se for por exemplo 8 graus, aumente-o para 12 e saia para dar uma volta para testar, com velocidade baixa coloque uma quarta e pise no fundo do acelerador, se o motor fizer um barulho de batida de pino("trincar"), baixe um pouco o ponto, teste novamente até parar de trincar.

Pesquisar componentes

terça-feira, 6 de julho de 2010

Lições da Caserna – Jorge Motta*

"Quem se situa nunca se perde. Nem se surpreende”

Aprendi que “antes de tudo é preciso situar-se”. Nunca vi essa máxima escrita, nem ensinada, apenas falada, mas sempre ouvi dizer que é a mais preciosa das sabedorias da vida carioca. Onde estamos, quem manda, qual é a regra do jogo, como se entra, como se sai. Estou convencido de que não há sabedoria mais objetiva do que se orientar na ida do que permanentemente indagar – Quem? Como? Onde? Por quê? – como ensinou o grego Aristóteles.

No meio do surpreendente alvoroço e da tremenda surpresa da nomeação de Elmo Farias Serejo para governador de Brasília, e da minha convocação para ser seu homem de confiança na administração do Distrito Federal, jamais deixei de me situar. A realidade brasileira naquele instante – em março de 1974 – exigia atenção especial. Estávamos no auge do regime militar, saindo do governo Médici. A descontração ou “distensão”, expressão preferida pelo cientista político americano Samuel Huntington, só aconteceria a partir de 1977, em meados do governo Geisel. Mesmo assim, condicionada. A abertura deveria ser “lenta, gradual e segura”, ditou o próprio presidente que podia ditar, como demonstraria para a História, decretando o fim do AI-5 e do próprio regime militar. Ou seja, usando os próprios poderes absolutistas que o AI-5 lhe outorgava, Geisel decretou o fim desses poderes.

Um gesto que o consagrou e ao período da vida brasileira que tive a honra de participar, modestamente, num cargo de segundo escalão.

Mas em março de 1974, não dava para esquecer a dureza política do momento. Muito menos adiantava fantasiar. Seria iludir-se. Os militares haviam tomado o poder, estavam gostando, não pareciam disposto a abandoná-lo e, principalmente, por mais que se cercassem de tecnocratas e especialistas, não conseguiam perder suas características profissionais de disciplina, hierarquia, planejamento rígido. Aliás, com exceção do general Golbery e de poucos oficiais entre os muitos que assumiram responsabilidades civis, e que eram políticos extraordinários (muitos deles tinham mais sensibilidade política que os próprios políticos civis profissionais), a regra era os militares se desnaturarem ao afastar-se da caserna para assumir funções no serviço público. Renegavam justamente sua cultura profissional. É um paradoxo, mas eu compreendo, por ter enfrentado na prática o mesmo desafio: o exercício do poder civil não é fácil, nem para os civis.

Ou seja: quando negaram sua cultura militar para se comportar como políticos e civis, abandonaram instrumentos de organização com os quais já estavam familiarizados e perderam boas chances de promover mudanças e moralizações que pretendiam realizar no Estado brasileiro.

Entre os chamados instrumentos administrativos empregados no Exército brasileiro, no dia-a-dia dos quartéis – e que aprendi a utilizar no meu serviço militar, o Quadro de Trabalho Semanal (QTS), pode ser o mais singelo, mas é certamente de uma eficácia extraordinária, além da facilidade de ser por todos entendido. Levei-o do quartel para a vida civil e apliquei-o com êxito na primeira oportunidade que tive de assumir responsabilidades executivas na empresa privada. Considero-o a melhor aprendizagem do meu serviço militar obrigatório.

Tornar-se soldado não era uma escolha, mas um obstáculo que precisava transpor. Também não me revoltei, não me lastimei; pelo contrario, mergulhei de cabeça para tirar da minha passagem pela vida militar tudo o que poderia aprender.

Fui soldado e cabo do Exército na Vila Militar, em Deodoro, Rio de Janeiro. Servi no Segundo Regimento de Infantaria (2º RI), o glorioso Dois de Ouro, seu festejado cognome.

Fiz o curso de sargento justamente quando o primeiro batalhão do 2º RI (um regimento de infantaria era formado por três batalhões) estava sendo preparado para ser enviado à África do Norte e participar da Missão de Paz da ONU no Egito. O Batalhão Suez – como era chamada a tropa brasileira – era constituído 100% por voluntários, mas a seleção incentivava os melhores recrutas. Fui chamado e estimulado, ganhava-se em dólar e todo mundo fazia um pé-de-meia, mas descartei a oferta. Eu estava na tropa para cumprir o dever de cidadania, tinha pressa em iniciar minha vida civil plena e precisava do Certificado de Reservista, documento essencial para cair no mercado de trabalho. Poderia ter cursado o CPOR, Centro Preparatório de Oficiais da Reserva – aberto para quem possuía diploma de curso médio – e sairia aspirante, com chances de estagiar na tropa como oficial por até dois anos, ou mais, como aconteceu com alguns amigos. Mas eu não estava procurando um passatempo, eu queria dar adeus à adolescência, à disponibilidade de solteiro, começar a viver de verdade minha vida adulta, casar. Ora, o CPOR durava dois anos, enquanto como soldado na tropa, seriam apenas 12 meses.

A vida na caserna, sem dúvida, é dura – como demonstrou o poeta Alfred de Vigny, em Servidão e Grandeza Militares, no século XIX – mas o tempo passa mais rápido quando o soldado a enfrenta com seriedade, principalmente consciente de que é um período finito. Não queria me profissionalizar, a caserna não era a minha vocação. Mas cumpri meu serviço militar com dedicação. Fiz os cursos regimentais, fui promovido a cabo e minha boa classificação no curso de sargento premiou-me: meu nome foi incluído na primeira lista de desligamentos da tropa. Como eu desejava.

Sempre recordo os critérios para liberar os recrutas, especialmente os desesperados, como eu, que não viam a hora de retornar à vida civil. Ou, mais precisamente, iniciá-la, pois estávamos todos com 19 anos, começando a maioridade. Os primeiros reservistas a serem liberados – dispensados na “primeira baixa” – são os melhores. Quem for “zerado” – isto é, não tiver punição nas suas “alterações”, tem prioridade no desligamento da tropa. Experimentei a vantagem de haver cumprido a minha parte e pude desfrutar o prêmio.

Aliás, como eram transparentes e estáveis as regras do quartel! Tudo era previsível, e até as punições levavam em consideração atenuantes e agravantes que todos conheciam. Por isso, nunca entendi por que o regime militar de 1964 não aplicou esse princípio sábio – as regras do jogo são sempre cumpridas, jamais alteradas por circunstâncias e interesses pessoais – quando assumiu responsabilidades do governo civil.

Quase todos os militares no poder preferiram desprezar suas ferramentas profissionais, como esse singelo QTS, que aprendi com eles. Ouso dizer que até na repressão política fazia falta a boa doutrina da caserna, que não confunde disciplina com violência, rudeza com grosseria, firmeza com insolência. Pelo menos foi o que me ensinaram e vi ser praticado como regra no 2º RI, na Vila Militar. Naturalmente, com as exceções que o confirmavam.

Tive a impressão, naqueles dias de submissão do poder civil, que os militares vivem uma duplicidade perigosa na relação com o civis. Ou endurecem, tentando submeter irracionalmente a sociedade aos padrões espartanos da sua disciplina profissional e aí gera um clima de guerra, incompatível com a vida em tempo de paz. Ou se perdem, negando sua própria cultura. O mundo civil trata os militares com uma arrogância histórica, principalmente quando pressente formas de submetê-los, como fizeram com o romano Caio Júlio César. Mais ou menos o que os chamados tecnocratas fizeram com os chefes militares brasileiros no regime de 64.

Aquela altura, dispensado do Exército, tinha aprendido e trouxe comigo a técnica e a prática de planejamento das atividades rotineiras do quartel, que com adaptações naturais, tornaram-se o meu sistema pessoal de administrar. Foi justamente do Quadro de Trabalho Semanal (QTS), ferramenta da caserna, de que me vali decisivamente na Casa Civil do Governo do Distrito Federal.

Trata-se de um dos mais simples instrumentos para evitar o entorpecimento das rotinas, sem deixar de realizá-las. Não foi difícil transportá-lo para o ambiente do Palácio do Buriti. A partir do elementar QTS, tudo funcionava. Horários conhecidos, tarefas determinadas, agenda administrada com rigor, não antecipava nem precipitava nada. Com isso, criou-se uma grande margem de tranqüilidade tanto para o governador exercitar seu programa de construções que complementavam Brasília, como para todos os seus colaboradores tocarem suas tarefas administrativas.

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Nosso QTS no Palácio do Buriti era definido às segundas-feiras. Tudo era mapeado, inclusive com a participação do cerimonial, secretaria particular e segurança. Por isso, raramente éramos surpreendidos por eventos, mesmo sem termos sido notificados. Graças ao QTS, todo mundo no gabinete sabia o que fazer, quando e como.

Essa metodologia de organização racional do trabalho também me qualificou para tratar com os militares quando precisei lidar com eles do outro lado do balcão, logo depois de deixar o 2º RI e bem antes de chegar ao Governo do Distrito Federal.

Foi mera coincidência, no meu primeiro emprego depois que deixei o Exército, ter justamente de tratar com militares. A Visor Editora e Publicidade, de propriedade de Benedabi Hassi Rocha Martins, editava as revistas da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e da Escola de Cadetes da Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, no Rio, que ainda não havia se transferido para Pirassununga, em São Paulo. Eram publicações anuais, verdadeiros álbuns com os registros das turmas que se formavam naquelas instituições de ensino militar.

A Visor tinha uma espécie de concessão para produzir aquelas revistas. Cuidávamos de tudo, da publicidade à impressão. Os comandos das duas escolas designavam cadetes para tratar das edições. Eles definiam o que desejavam publicar. Nós providenciávamos a revisão, paginação, papel e impressão, inclusive os patrocínios que cobriam as despesas. Ainda estávamos no tempo das máquinas impressoras planas, dos clichês, a pré-história das gráficas modernas e eletrônicas. Fazer uma revista luxuosa, em papel cuchê, não era fácil nem barato.

Era uma revista por ano, tanto no Exército, como na Aeronáutica. Circulavam por ocasião das formaturas dos cadetes, mas exigia uma operação de 12 meses. Os comandos se empenhavam, ajudavam nos contatos com os anunciantes. Os estabelecimentos militares não tinham verbas próprias para custear as revistas, que eram pagas com anúncios e patrocínios.

A chamada Declaração de Oficiais – a formatura anual das academias militares daquele tempo – se constituía em acontecimento nacional, com a presença do presidente da República e as atenções da sociedade. As revistas funcionavam como uma das mais apreciadas lembranças dos cadetes declarados aspirantes-a-oficial, no dia da formatura, quando eram lançadas e distribuídas.

Fiz muitos amigos na área militar. Quando me casei, em 1961, o comando da Escola de Cadetes da Aeronáutica formou uma comissão de três cadetes, com seus belos uniformes, para representá-la. Eles faziam parte da turma do 2º ano. Em 2005, passados 44 anos, encontrei-me em Brasília com o Tenente-Brigadeiro Astor Nina de Carvalho Neto, então chefe do Estado Maior da Aeronáutica e eu chefe do gabinete do Ministro das Comunicações, Eunício Oliveira. Emocionei-me. O brigadeiro Astor, com suas quatro estrelas de oficial-general da Força Aérea, concluindo brilhante carreira na FAB, havia sido um dos cadetes que compareceram ao meu casamento.

* Jorge Motta tornou-se um dos mais competentes executivos do serviço público.