sábado, 10 de abril de 2010

Espaço Aéreo

Há setores profissionais e atividades diversas em aparente convulsão. E como o indivíduo e o meio são a mesma coisa, vivemos essa convulsão junto com o sistema. Dificuldades financeiras, problemas sem solução e restrições diversas são processos que estamos envolvidos eventualmente em nossas vidas pessoais. Este deve ser um momento de profunda reflexão para identificarmos o que há por trás desses acontecimentos e que deve ser feito.
A vida militar passa por vários ciclos que fazem parte de seus processos seletivos e evolutivos. E hoje vivemos a finalização de um deles. A necessidade do serviço determina que tracemos o caminho que nos leve à segurança, à qualidade de vida de cada integrante de nossa unidade. O indivíduo é indissociável de seu valor na sociedade. Principalmente no tocante ao bem comum de quem participa das enumerações do Estado. Estendo a referência à segurança de cada passageiro, em cada aeronave, beneficiado pela atenção de pessoas em terra. Pessoas, que por definição constitucional, são incumbidos de responsabilidades e autonomias que os diferencia dos civis. O caminho da segurança se dá, antes de tudo, através do primeiro impulso em direção à nossa consciência, nossa mentalidade. Devemos todos reconhecer dentro de nós mesmos, a qualquer tempo que seja questionado, esse fundamento básico da disciplina, esse principio estritamente militar.
O efetivo mudou. Todos nós temos mudado rapidamente sem estarmos individualmente preparados para isso. E com isso, novos problemas sociais e organizacionais são desencadeados freqüentemente. Abusos de autoridade, assédio funcional, o surgimento de lideranças deficientes, represálias administrativas, temor como fundamento da disciplina, transgressões e desmotivação, tudo isso fez e faz parte desse processo, a FAB não vai acabar. Mas seus valores mudarão de tal maneira que uma nova força despontará.
A caserna está atravessando o limiar entre o mínimo operacional e a confiança em sua capacidade real. Estamos empatados degrau abaixo das necessidades de qualquer civil em nossa qualidade de vida. Esse é o principal motivo do desenrolar de tanta oposição e falta de colaboração mútua entre servidores de toda administração e autoridades. Servimos num momento de crise coletiva. O que éramos já não faz mais sentido. Somos promovidos, nos adaptamos, mas ainda não sabemos o que seremos. Estamos no meio, entre o que somos e o que devíamos nos tornar. Muitas de nossas crenças pessoais terão coro em seus semelhantes, basta tomar uma xícara de café. Mesmo a ética extremista causa desgaste moral. A mensuração dos valores militares é algo que exige conhecimento adicional ao que é cabível aos civis.
Há uma espécie de dispositivo em cada um de nós que está deixando de funcionar, um padrão de interação que está falindo. Nossos pensamentos estão se voltando para o mundo civil, assim como nossos sentimentos. A cada dia que passa, são revelados fatos e somos conscientizados da caracterização do que é ético ou moral, os mais autênticos poderes que se manifestam dentro de alguns de nós. Impulsos que vem de outros exemplos, que fizeram parte de nosso processo aprendizado. Por isso estamos vivendo situações estranhas, onde a maior parte das coisas acontece e só tomamos conhecimento quando já nada podemos fazer.
Os desentendimentos ainda aumentarão, essa é a sensação de "fim do mundo" que todos nós estamos vivendo – no campo profissional e pessoal. Precisamos descobrir o que isso significa para cada integrante, pois a partir de já, nossa missão é defender o patrimônio da instituição: o efetivo. Para que a aplicação desordenada de punições deixe de desmoralizar a hierarquia e possa ser assegurada a disciplina necessária às próximos comandos. Devemos defender os princípios pessoais e profissionais de modo a justificar a qualquer momento nossas atitudes buscando fazer exatamente o que magistrados possam julgar e defender como militar qualquer cidadão.
Juízo para todos!

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